segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Histórias antigas

Bom, eu nunca gostei de natal, tenho minhas razões para isso, mas este ano, eu soube de uma história muito antiga da minha família, beeeeeeem lá no início do século XX, antes mesmo da minha avó se tornar mesmo minha avó, quando ainda vivia no Japão.

Não me lembro o nome da cidade onde ela vivia. Mas isso é mero detalhe.

Mas antes, vou explicar o porque resolvi escrever sobre isso hoje, no que talvez seja o último post desse ano.

Hoje, não me lembro o que foi que levou minha mãe e eu a falarmos sobre casos de amor que terminam em tragédia. Coisas tipo Romeu e Julieta.

Então lembramos.
Quando minha avó ainda era uma adolescente, nem imaginava que um dia iria ser mãe de 15 filhos, que teria mais de 30 netos, alguns que nasceram até mesmo antes de alguns filhos. E que tudo isso aconteceria justamente no Brasil, milhares de quilometros de distancia da sua terra natal. Claro que hoje alguns netos já tem filhos e uns bisnetos também, então já passamos de 80 netos, é uma pena que a minha avó não pôde conhecer todos.

Voltando a narrativa, minha avó ainda era uma simples jovem lá no Japão, vivia até bem, ainda mais que o mundo ainda estava meio abalado pelos estragos causados com o final da 1ª guerra mundial. Sua família era tradicional, era meio incomum naquela época alguém de uma boa família oriental acabar se envolvendo com pessoas que trabalhavam na casa.
Sim, exatamente isso que aconteceu.
Não me lembro exatamente se era um primo, ou um tio mais novo da minha avó que se apaixonou pela empregada, o que era inadmissível para a família que foi contra, mas eles estavam apaixonados. E somente uma pessoa os ajudava, sim, era justamente a minha avó.

Sei que foi um tempo difícil, não sei dizer que as pessoas lá passavam por momentos difíceis, até porque era um mundo pós guerra, não imagino como tenha sido, mas eles sobreviveram a tudo isso e não encontravam meios de conseguirem ficar juntos.
Hoje em dia seria muito mais fácil e simples, claro que talvez ainda exista um certo preconceito devido as diferenças das classes sociais, mas quem se importa? É, naquela época, parece que importava muito mais do que podemos imaginar.

O que é que se pode fazer quando todos ao seu redor são contra sua escolha e o que você quer é apenas estar ao lado de quem você gosta e que as pessoas aceitem isso? É complicado não ter apoio nenhum. É mais ainda quando se tem que manter isso em sigilo, mas acho que aquela história de que "o fruto proibido é que é muito mais gostoso" realmente vem de longa data. Nesse caso, bem no começo do século passado.

Mas o jovem casal tendo apoio apenas de uma pessoa, entrou em pânico, não sabiam mais o que fazer para poderem estar juntos, para mostrarem seu amor.
Eis que surge a idéia do sacrfício.
Na cidade onde moravam, havia (no caso, acredito que ainda há), um vulcão mas adormecido. Eles contaram para minha avó da idéia. Subiram até o topo do vulcão, onde se amarram e se jogaram para dentro, caindo muitos metros abaixo, para que finalmente pudessem ficar juntos.
Após uns dias os bombeiros locais resgataram os corpos.
A família adepta de uma igreja Tenrikyo, foi pedir para rezarem uma missa pelas almas dos 2, um pastor lá, disse que na família, nasceriam gêmeos, que seriam as almas desse casal.
Sim, um tempo depois ainda no Japão, nasceram os gêmeos. Um casal. E no final do século XX, novamente a família tem um casal de gêmeos, hoje, prestes a prestarem vestibular.
E foi olhando para eles, que minha tia mais velha lembrou dessa história contada pela sua mãe e nos contou sobre o que já teve na minha família em busca do amor, em busca de apenas estar com a pessoa que se gosta.

Pensei muito nisso, penso ainda.
Até porque, pra mim, isso só acontecia no cinema, não imaginei que meus antepassados um dia teriam feito algo assim...


E caso não voltemos a postar antes do fim do ano...
FELIZ 2011 à todos!!!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O ÚLTIMO DIA

Tô postando aqui o conto que me deu o 1º lugar no Prêmio Uberaba de Literatura. Aviso logo que o texto é triste, não esperem minhas palhaçadas habituais, e eu sei que ler no PC é um porre então agradeço a paciência de quem estiver lendo esta birosca (e já que quem escrever quer ser lido, meu ego também agradece).

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Você acorda e faz tudo como sempre fez, sempre a mesma coisa, e você nunca imagina que aquela é a última vez. Como num dia qualquer você acorda e se força a abandonar o conforto da sua cama sem nem por um instante pensar que aquela vai ser a última vez que você vai sentir aquela sensação. Depois você toma um banho correndo, sente a água quente nos seus músculos, mas não pára para apreciar aquele momento porque enquanto você lava o seu cabelo as milhares de coisas que você tem que fazer durante o dia já estão fervendo no seu cérebro. Antes das nove da manhã você vai estar se consumindo com um compromisso marcado para as cinco da tarde e antes do almoço você já vai estar exausto. E enquanto você se atropela tentando fazer mil coisas ao mesmo tempo e tentando ser bom em todas elas, você nunca, nem por um segundo, pensa que aquele é seu último dia.
            Eu me lembro que era uma quinta-feira estúpida, tão ordinária como todas as quintas-feiras podem ser. Eu acordei antes do relógio despertar mas não levantei, fiquei deitado tentando voltar a dormir e por fim acabei assistindo os minutos correrem no mostrador digital. Quando finalmente aquela coisa apitou eu levantei, me espreguicei pela última vez na minha vida e fui até a sala, onde eu vi o gato.
Aquele bicho estava destruindo o meu sofá, mas de certo modo aquilo não me incomodava. A verdade é que me apeguei ao gato de um jeito que não imaginei que me apegaria quando vi aquele bicho pela primeira vez. Lembro que quando minha secretária sugeriu que eu o levasse para casa eu torci o nariz. Ela havia encontrado o gato num dia de chuva ali perto do escritório, mas não podia ficar com ele porque o filho dela é alérgico e mesmo gostando do gato não havia meio do bicho ficar na mesma casa que o moleque. Eu me lembro do seu argumento para me convencer a adotar o gato:
– Você é tão sozinho – ela disse, como se um gato fosse me tornar uma pessoa mais feliz.
            Não sei se o gato me tornou uma pessoa mais feliz. Sei que ele me fez companhia e que às vezes eu me pegava falando com ele. Nossa amizade, por assim dizer, era simples: eu alimentava, cuidava e me preocupava com o gato, e ele destruía o meu sofá e se enroscava nas minhas pernas. E agora estamos os dois no mesmo pé, sem saber o vai nos acontecer.
Às vezes eu penso que fim vai levar o gato. Talvez minha mãe leve o gato para casa dela, ou talvez um dos meus irmãos faça isso, talvez o coloquem para adoção novamente e ele vá estragar o sofá de algum estranho. E a verdade é que não importa quantos finais eu invente, eu nunca vou saber que fim levou meu gato.
            Naquela quinta-feira eu dei pela última vez bom dia para o gato, e então fui até a cozinha e fiz o mesmo ritual de todos os dias: primeiro a ração do gato, depois a minha. Era assim todo dia, enquanto o gato mastigava a ração dele do lado da pia, eu comia qualquer coisa. Minha alimentação vinha sendo um completo desastre desde o fim do meu casamento. Eu sempre fui um estranho para o fogão e venho sobrevivendo graças aos fast foods e as porcarias que infestam as prateleiras dos supermercados. Naquela quinta-feira ordinária meu café da manhã pizza amanhecida. Eu não lembro que gosto tinha aquela pizza, nem mesmo sei se ela era de calabresa ou quatro queijos, mas eu continuo lembrando a mim mesmo que no dia em que eu morri eu comi pizza amanhecida no café da manhã.
            Em seguida eu fui pro banho. Milhares de coisas passavam pela minha cabeça, eu tinha a mania de ficar repassando os meus compromissos do dia mentalmente durante o banho, como que me preparando pro dia. Morrer não estava na minha agenda, mas eu me lembro de sentir uma sensação estranha, era como se uma voz dentro da minha cabeça falasse que as coisas não estavam certas. E exatamente como quando somos crianças e não damos a mínima para os adultos quando eles falam que vamos nos resfriar se sairmos sem um agasalho ou se andarmos descalços, eu ignorei aquela voz, sem saber que mais tarde ela berraria nos meus ouvidos.
            Quando eu saí do banheiro e pisei com os pés úmidos no carpete eu não sabia que iria me arrumar para morrer. Fui até o guarda-roupa e escolhi uma camisa imaculadamente branca e uma gravata discreta. Um advogado alinhado e dali algumas horas um digno defunto. Por último dei uma última olhada no espelho e constatei mais uma vez que eu estava ficando calvo. E velho, eu estava ficando cada vez mais calvo e velho. Mas você nunca acha que é velho o suficiente para morrer.
            Antes de sair eu olhei pela última vez meu apartamento e vi que estava tudo normal. O gato afiava as unhas no sofá e eu não tinha deixado o gás ligado nem nada do tipo. Parecia tudo certo. Em cima da mesa ficou o presente que eu tinha comprado para o aniversário da minha ex-esposa. No sábado ela iria comemorar mais um ano de vida com alguns amigos na casa dela e do seu novo marido e por educação havia me convidado. E falando assim parece que nós nos odiávamos, o que não é verdade. A gente se dava bem, melhor depois do divórcio. O segredo de não transformar sua ex-mulher em inimiga mortal é tornar a coisa impessoal e não ver a felicidade dela como uma provocação, não culpá-la pelo estrago que a sua vida se transformou. Hoje ela tem uma casa espaçosa, um novo marido e filhos. Ela é feliz, acredito que seja. E eu teria ficado melhor se continuasse casado, mas na época isso não me ocorreu.
            Desci até a garagem, peguei o carro e dirigi até o escritório, não ficava muito longe de casa. Fui com o rádio desligado e com o jornal ainda dobrado sobre o banco do carona, não estava com paciência para as notícias do dia. No escritório eu cumprimentei a secretária, e como de costume ela perguntou do gato e eu respondi:
– Da última vez que o vi ele estava ótimo e destruindo meu sofá.
Ela riu. E agora me vem à mente que aquela mulher ficou desempregada depois da minha morte.
            A manhã seguiu sem grandes acontecimentos. Eu estava atolado em serviço, mas nada de excepcional, tudo dentro do que eu já estava mais do que habituado.
Devia ser por volta de dez para a uma quando saí para almoçar, e levando em consideração que eu havia marcado de visitar um cliente a uma e meia é fácil deduzir que eu comi qualquer porcaria. Se soubesse que ia morrer, que aquela seria a minha última refeição eu teria comido coisa melhor, teria cometido o pecado da gula até onde meu corpo prestes a ficar sem vida agüentasse, só com os meus pratos favoritos.
            Depois de comer correndo a porcaria qualquer eu fui ver meu último cliente que atendi na minha vidinha de advogado. Aquele era um daqueles clientes que você tem mais por consideração do que qualquer outra coisa, e tudo que ele queria era esclarecer uma dúvida sobre a compra de um terreno, qualquer coisa idiota sobre uma escritura. Eu fui visitá-lo na loja dele e não demorei nem trinta minutos lá dentro. Talvez se tivesse me demorado mais um pouco as coisas teriam sido diferente. Quer dizer, alguns detalhes poderiam ter acontecido de outra forma, mas acho que o fim seria sempre o mesmo.
Saí da loja do meu cliente depois de ter esclarecido suas dúvidas, de ter lhe dado um forte aperto de mão e ter lhe desejado tudo de bom. Fui caminhando rumo ao estacionamento onde estava meu carro, mas eu não cheguei até lá.
            De repente me veio uma dor no peito, uma pressão que queimava e ardia. Aquela voz que por algumas vezes eu me neguei a escutar estava berrando nos meus ouvidos, algo em mim estava errado, muito errado. Um rapaz que vinha caminhando na calçada na direção contrária me segurou e não me deixou cair no chão.
            – Senhor? O senhor está bem? – Eu me lembro da voz dele perguntando.
            Eu estava morrendo, literalmente e de dor. E tudo que eu consegui fazer foi balançar a cabeça. Tentei levantar, mas não consegui. Eu queria falar alguma coisa, dizer que eu estava bem, que eu já estava me recuperando, que tinha sido uma coisinha qualquer, mas não era. O rapaz me pediu para ficar calmo e gritou chamando um taxista que estava parado ali perto. A essa altura as pessoas que passavam por ali começaram a prestar atenção no meu drama, um fim um tanto quanto extravagante para a minha vidinha discreta.
            Mal o táxi estacionou o rapaz já abriu a porta e me colocou dentro do carro, disse para o motorista ir direto para o hospital mais próximo e novamente me pediu calma.
            – O senhor tem que ficar calmo, vai dar tudo certo.
Eu me lembro como ele passava compulsivamente a mão na testa. Ele me pedia calma, mas estava desesperado. Eu queria falar qualquer coisa, agradecer, queria amaldiçoar a dor no meu peito, mas não consegui dizer nada. Foi com muito esforço que eu consegui dizer “desculpa”. Eu queria dizer algo como “desculpa por ter te atrapalhado, te tirado do seu caminho, e obrigado por me socorrer”, mas a frase não saiu inteira.
            Quantas mil palavras existem num dicionário? Quão grande é o nosso vocabulário? E tudo que eu consegui dizer foi “desculpa”. Sei lá quantos livros lidos, com nível superior de escolaridade, advogado, e tudo que eu consigo falar é “desculpa”.
Ao escutar aquilo o rapaz me segurou no ombro e disse:
            – Tudo que você tem que fazer é ficar calmo, o pior já passou. Vai dar tudo certo, fica calmo.
Eu fico me perguntado como aquele rapaz está hoje. Fico pensando em como a maioria das pessoas nem olha para você ou pára pra dar bom dia e como ele saiu do rumo dele, se enfiou num táxi e me acompanhou até o hospital. Eu me lembro da voz dele me dizendo pra ficar calmo e que tudo ia dar certo, me lembro de como ele segurou meu ombro quando eu pedi desculpas e penso que aquele podia ser o filho que eu nunca tive.
Às vezes imagino como seria se eu tivesse sobrevivido, talvez eu me encontrasse com ele e com o motorista depois que me recuperasse e então eu poderia agradecê-los por ter me levado para o hospital. Eu agradeceria o motorista por ter desviado de todos aqueles carros, por ter infringido a velocidade permitida, ter andando um bom pedaço de uma rua na contra mão e quase ter atropelado um cachorro na tentativa de me salvar. Se eu tivesse sobrevivido eu poderia ao menos saber o nome deles. Mas no fim isso não me leva a lugar nenhum, eu estou morto.
Quando o motorista subiu com o táxi na calçada do hospital e parou na porta com uma freada brusca o rapaz abriu a porta do carro e logo em seguida o motorista já estava ajudando a me carregar para dentro do hospital. Eu me senti um completo inútil sendo carregado pelos dois. E nessa hora as coisas começaram a ficar confusas. Eu senti os médicos, enfermeiros, ou sei lá que gente era aquela me deitando numa maca e senti minha camisa imaculadamente branca sendo puxada. Pela última vez o rapaz me pediu para ficar calmo e disse que ia dar tudo certo, e sobre o ombro dele eu vi o rosto do motorista, ele acenava a cabeça positivamente confirmando que tudo ia dar certo. Mas seja qual for o método que os médicos iam usar para me tratar já era tarde demais. Eu não agüentei.
Depois disso tudo eu vim parar aqui, nessa sala de espera por sei lá o quê. Já gastei tempo pensando em como foi o meu funeral, que fim levou meu apartamento, em como minha mãe e minha família reagiu à notícia, imaginei várias maneiras de como a notícia da minha morte chegou até eles. No fim isso acaba virando uma espécie de entretenimento, um meio de me manter ocupado. Então eu continuo aqui, lembrando que tudo aconteceu numa quinta-feira estúpida, tão ordinária como todas as quintas-feiras podem ser...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

contra adição

andando nas colinas, do alto das grandes geleiras do deserto, perde-se entre as arvores secas durante a alvorada. sente a brisa quente do inverno, o leve odor das folhas que caem.
sente-se só.
sente-se forte.
sabe que logo alcançara o apogeu de seu declinio.
ouve as risadas ao longe. sente o gosto amargo do suor.
uma explosão.
tudo começa a acelerar. sente que pode nadar ao olhar a agua na pia.
não há paredes no buraco negro. mebranas tentam prender, mas ao acelerar seus pensamentos, fica quase intangivel. vai alem do pensamento ludibriado pela insana consciencia de seu ego perdido.
deixa se levar pela maré do corredor dos devaneios alucinantes.
fecha os olhos pra ver o fogo que o extintor dispara em rajadas contra o sussurro dos ventos do norte. consegue ver os guardiões do palacio dentro da masmorra sem passado.
perdeu o trem.
perdeu a linha e a passagem.
vai ficar encarceirado na ilusão daquele passado que nunca teve. vai se agarrar ao sonho inconsequente de seu carma. vai caminhar no pensamento alheio de um sentimento que nunca conheceu. vai estar longe, antes que possa chegar. vai se levantar de uma cova que não viu, quando não podia ouvir. alucinado pela luz dos postes onde nunca houve eletricidade. ele segue atras daquilo que não sabe o que é, mas que nunca esteve em lugar nehum. estende as mãos e sente o perdão raivoso da culpa de um inocente que apenas acreditou. não vê nada além de um carma condenado ao acaso de um destino hipocrita com ideais superfulos demais para serem levados a sério.
sente em seu tato o paladar perdido durante a luta contra a sua imoralidade roubada pelos anciões de seu alter ego. não vê o aqui. nem percebe ali.
sobe nos muros de um sonho esquecido para tentar ao menos ver onde chegou, mas nem ao menos saiu do lugar. sente o calor iminente da derrota presa na faca.
deitado na parede do jardim, resolve caminhar no teto de marmore para trancar a saída. prefere não conhecer a porta azul de isopor. caminha entre as pedras cegas que viu dias antes no porto de onde partiu sem conhecer a ira insandecida dos guerreiros da cidadela. carrega em suas costas as marcas dos ingloriosos dias em que se deitou na relva da manhã para contemplar a sagrada ordem que ouve sussurar dos magos mortos. sentiu a verdade esmurrando sua face. sentiu o calar das sombras. viu as estrelas caindo quando os tiros de discordia as atingiram. a poeira das ruas é levada pelas cinzas da luz incendiada. sente o calafrio de uma decisão complascente, sente queimar em suas veias a mediocridade de um tolo devaneio que se deixa ludibriar pela mimese de uma metafora.
é quando toda a sintaxe presa se deixa levar pelo utopico pensamento de uma id que não conhece. sente o sabor amargo de uma viória trapaceada pela injustiça de um inocente desejo de perder tudo o que jamais teve.
não vai além.
não vai mais voltar.
caiu do muro do lado errado.
desmaiou dentro do sonho que nunca viu.
caminhou entre as mascaras da ilusão do labirinto até fechar as frestas das janelas entreabertas....

sábado, 11 de setembro de 2010

dentro do cubo de gelo


descobrir que há uma trava dentro de você e que a chave está perdida, é uma grande desilusão.
por mais que tente ir além de seus limites, por mais que se possa ver ao longe, ainda assim, sabe que já corrente que o prendem e não o deixam ir além.
se toda paixão pudesse realmente durar tempo o suficiente para realmente virar paixão, talvez as histórias ao menos tivessem um final, mas não tem, é sempre momentâneo como um isqueiro, o fogo some em segundos...
parece até que as chaves dessa prisão nunca foram feitas, o limiar de sua existência se resume na sua perda, não há mais limites para sua própria limitação. perdeu-se o mais singelo sentido que trouxe até aqui. perdeu a capacidade, a vontade. em sua cela não encontra nada, talvez esteja tudo do lado de fora, mas o pouco tempo que sai, não se deixa levar por suas ilusões, sempre volta antes que possa deixar ver o que aconteceu.
segue pela sua trilha, muitas pessoas ao redor, talvez possa até deixar se levar pela empolgação de um momento que uma simples fagulha de paixão se acenda, mas não vai além disso, antes que possa ir além, parte para que não se envolva em nada que o desvie dos pensamentos solitários.
nunca soube dizer quando começou, ou porque faz isso, mas sente-se bem, até onde se sabe, fazendo isso, prefere não acreditar, ao invés de se permitir uma brecha onde possa chegar e ter que abrir mão do que tem até aqui, talvez, não tenha nada, ou pode ter tudo, a liberdade é um preço caro, caro demais, mas que resolveu pagar com sacrifício de seguir como é...
não vê como pode abrir mão, não acredita que possa abrir mão disso. talvez tenha mesmo razão e esteja certo. mas a verdade é que isso tudo corrói seus pensamentos, imagina o tempo todo como poderia ser, se fosse diferente, mas é o máximo que se permite, imaginar. não consegue mais acreditar que pode encontrar a felicidade de outra maneira, apenas estar ao redor de suas amizades tem sido o suficiente. é. talvez esteja certo, mas por que é que tem tido tantas duvidas sobre isso então?
aprendeu a diferenciar a admiração da paixão, coisa que tempos atrás, era a mesma coisa, hoje não, apenas sente a falta de chegar além da admiração, de poder dizer que está cego, que pulou acreditando que podia voar. não faz mais isso, só porque não quer ir além. não por medo de se machucar, mas por medo de machucar um outro coração. então é mais sensato abraçar sua meta, mesmo que seja acompanhado da solidão.
mas o tempo sempre corre contra, apertando os espaços deixados, mostrando o que foi perdido, sente a dor dessas perdas, mas não se ajoelha, não cai, prefere suportar e seguir de pé, como se nada pudesse derrubar, mas a grande verdade é que já está nocauteado há algum tempo.
não se deixa envolver. não se permite ir além, criar expectativas além de sua ansiedade, mas passa a ansiedade, tudo começa do zero, ou melhor, tudo volta ao zero, porque é assim que acredita que tem que ser.
eis que surge a sua grande duvida. por que faz isso? por que não se deixa levar, por que não se apaixonar? uma hora vai ter que acontecer, que droga, sabe bem que a única verdade é que sim, sente falta de estar apaixonado sim, sente essa falta, mas seu orgulho jamais o deixará admitir isso, ainda mais para si. isso sim seria uma enorme derrota.
mas para ganhar, precisa perder o caminho, precisa da ilusão, do sonho, precisa sim da paixão, porque faz falta e muito. assim que assimilar realmente que admite isso, pode ser o primeiro grande passo para que volte onde não devia ter parado, descartado como um simples rascunho.
então, hoje seu consciente e inconsciente pedem juntos que se deixe levar, que se deixe apaixonar, ao menos uma vez e que seja de verdade, não apenas uma empolgação passageira. deixe se levar, deixe acontecer, não vai chegar a lugar algum seguindo os raios de luz que se apagam tão rapidamente quanto surgem. deixe. sinta, ao menos uma vez e que seja real. iluda-se.
nunca achei que chegaria o momento que pediria isso, mas foi preciso. é tão óbvio que não quer ver. mas hoje é o que peço a mim mesmo. deixe se levar. e que seja de verdade. que seja por algo que abandonou e não devia ser deixado pra trás. não há mais porque estar alerta o tempo todo, baixe a guarda, isso tudo já durou tempo demais, já sabe que precisa e que quer se apaixonar, agora é a hora de deixar acontecer...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

vendavais

perdido em seu inconsciente, o tempo se esvai, ele vê as armadilhas serem levadas pelo vendaval do deserto, pensa em como era o tempo em que lutou para se libertar, mas foge o pensamento em sua luta por seguir o caminho, agora devastado pela tempestade de fogo que vem do vulcão...

às vezes parece que tudo deu certo, ao mesmo tempo em que seus pensamentos desmoronam, seguidos de uma avalanche de emoções. quisera que fosse um sonho ruim. seria apenas despertar para por um fim nisso tudo, mas hoje não é tão simples...

não há armas para lutar, não há quem combater, mas ele segue a espreita, caminhando entre sombras, se disfarçando por mero receio de ser encontrado, não, isso não pode acontecer, colocaria um fim a tudo que foi feito até agora... no meio desta multidão de egos que o vigia, ele precisa a todo custo manter seu rumo, mesmo que não saiba onde precisa ir...

tudo parece estar desfocado, não há um caminho ou mesmo uma imagem que consiga lembrar de nada, sobra apenas aquele borrão de um dia que talvez tenha sido o princípio de tudo, quando decretou seu próprio fim.

"desistir" é completamente fora de questão, abandonar, por que? não há muito até agora, não haveria porque não deixar algo de lado, talvez apenas quando assumir a derrota é que a chance de vencer reapareça, mas ainda assim, tem que existir outro caminho, tem que ter um outro jeito, mesmo que siga perambulando por entre todas estas mácaras quebradas ao chão, ele sabe que não é a hora de se entregar a exaustão, precisa se levantar mais uma vez, acreditar no que nem ao menos sabe se ainda é real... mas que talvez ainda exista e o faça reencontrar suas memórias de um mero minuto que se perdeu entre os escombros de um dia de sol.

e esta noite, há uma luz que o leva num rumo desconhecido, talvez até sem volta, mas para quem veio até aqui sem saber o motivo, o que é que se tem para perder? mas aquela sombra que antes o perseguiu começa a ganhar formas e cores... agora tudo está claro e a realidade perdida volta a fazer algum sentido dentro de toda a insanidade vivida até aqui, mas talvez a loucura seja seu escape de um mundo que ele ignorou, entretanto, sempre existirão riscos em todos os lados, é hora de se deixar levar outra vez pelo maremoto de confusões que o levaram até aqui... é hora de abrir novamente os portões para enfrentar o vendaval de venus, que tanto evitou...

disco de vinil

às vezes as coisas mudam e a gente não percebe, quando se dá conta, já foi...
não que seja algo ruim, não, mudanças sempre são muito bem vindas... afinal, este é um mundo complacente...

muitas histórias se repetem o tempo todo...
outras começam a partir de um ponto final, mas nunca são retomadas após a interjeição de ponto e virgula... estranho pensar nisso, não?

talvez o mundo seja uma mimese utópica, mas e daí?
ainda vamos chegar onde precisamos... e sabemos que há várias trilhas sonoras que vão estilhaçar as vidraças por onde passarmos... transbordando a insensatez, perpetuando toda a descrença já perdida...

e nada que não tenha começado...
vai ficar ficar pelo caminho... lá...

onde foi?

foi preciso apenas um instante para o castelo ruir aos escombros de um ferro velho abandonado em uma borracharia em chamas...
sob as tempestades de mármore, disparando relampagos de ironia numa cidade dispersa sob calmantes e irradiando um assombroso pavor de conhecer a paz...

um dia todos irão olhar acima das nuvens e os outros os estarão observando passo a passo...

um tijolo que cai da prateleira, abre a escapatória surrealista daqueles que não foram contaminados pelas mesmas palavras do sonho perfeito, para eles sempre haverá o irreal inatingivel e a verdade desacreditada que um dia foi amassada e esquecida naquele beco escuro...

nada além

seguiu o rastro seguido apenas pelo perfume, perdeu-se dentro do armazem. não sabia como chegou, não lembrava. e nem ao menos estava inconsciente.

nada ao seu redor.
não havia nem ao menos um teto pra se proteger. sob seus pés um alçapão, mas ele estava tão inconstante que não conseguia nem ao menos cair.

um dia tudo que foi levado ao canteiro de rosas, carregado pela brisa de uma morna primavera, ecoando pelo salão onde os oficiais sentam e tomam seu café... um dia tudo isso vai retornar para as prateleiras daquela biblioteca rustica no centro daquela cidade do interior, quase esquecida...
e eis que então...
o que era real vai ser apenas uma lembrança de um dia que se congelou no inverno da geladeira dentro daquele velho comercial que passou na tv...
até lá...

um dia... um dia....

domingo, 15 de agosto de 2010

os grãos

não será como antes... não mais....
um grão de açucar perdido num vendaval...
levado por um mar de areia escaldante...
resíduos de tinta sujam o carpete que só estava empoeirado...
sublime lembrança... copo d'água trincado e o sol se esconde através das nuvens...

pra onde foram as estrelas que vi?
inconsciente perdido, consiencia insandecida, tudo ao mesmo tempo, tudo dentro da garrafa que foi levada pelo nomade pensamento que procura o penhasco onde vai saltar pra encontrar sua queda para gloria eterna de uma lembrança que se perdeu no apogeu de uma mente sã...

tudo ao mesmo tempo... agora....

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Eu não esqueço!!!

Eu ia dar um tempo maior pra postar por aqui, mas tem algo que anda me incomodando faz tempo...

Alguém já ouviu falar de um deputado chamado Gerson Peres?
É li sobre ele, tá com a idéia insensata de querer que todos os blogueiros sejam cadastrados no registro.com.br, INCLUSIVE que o dono do blog seja responsável pelos comentários anonimos... oooooooooooooh... será que ele se sentiu ofendido por alguém que comentou anonimamente??

De boa, eu falo NÃO EXISTE POLÍTICO HONESTO, é como querer colher uma maçã num pé de jabuticaba. Oh não dá. Não existe.
Aí o que acontece?
Por que diabos querem moderar os blogs?
Porque é onde falamos o que pensamos, é onde uma grande parte de nós mostra que tem cérebro, que usa-o, que eventualmente pode fazer outras pessoas a questionarem sobre toda a corrupção já existente. Mas é claro que lá no senado isso sempre vai ser negado. Afinal NUNCA EXISTIU MENSALÃO e O SARNEY É COMPLETAMENTE INOCENTE... sim e nós somos o bando de babacas que mantém os ladrões lá.
E quando começamos a pensar (acredite nem é preciso muito esforço para isso), vemos que realmente só tem corrupto o que acontece? Inventam novas leis para desviar sua atenção, coisas pequenas sempre pra que "eles" deixem de ser assunto.

Ouvi muita gente dizer que o Lula melhorou o país. Eu me pergunto onde é que veem isso? Só porque aumentaram os crediários em tudo que é canto? ACORDEM, agora gastamos muito mais, se antes não dava pra ter, é porque realmente não te enfiavam uma faca lentamente suguando cada ml do teu sangue. Agora, é isso que fazem. Por quê? Vamos pensar. Antes da "era Lula" não eram todo mundo que podia ter carro. Não. Era muito caro e não se parcelava tanto. Hoje parcela mais um carro do que uma casa e você nem precisda dar garantias de pagamento. Revejam quanto realmente estão gastando, ok. Mas também não pensem que dessa forma eu tô defendendo o FHC, acho que ele é tão desonesto quanto qualquer outro político. Por isso não confio em nenhum, tanto é que se um dia eu avisar vocês que vou me candidatar a qualquer posto do governo, não votem em mim, sério.

A política aqui no nosso país é algo tão bisonho que esses dias eu li que "Mulher Melão" é candidata, assim como o Tiririca e o Dedé Santana. Não. Parei mesmo. Mas sabe o que ainda pior que saber que esse pessoal é candidato? É saber que eles são melhores opções do que a corja que está por lá. Eu não gosto de Copa do Mundo e nem desse papo furado de que temos que ser patriotas quando a seleção tá em campo. Pro inferno. Eu sou patriota sim. Mais ainda na época de eleição. Sabe por quê? Porque eu não esqueço o nome de quem roubou, quem fez tudo acabar em pizza, quem encobriu quem. NÃO. EU NÃO ESQUEÇO. E não voto em vocês.

Aliás, é até legal falar disso porque ultimamente ando recebendo muito email de candidatos ao senado. Eu vejo o nome de quem é. Não leio. Apago. Sim, é ignorância da minha parte, mas não vou ficar lendo o que eles querem que eu saiba deles, porque já fui assessor de imprensa em época de eleição, sei como é escrever essas cartas para cada público e eu não caio nessa. Pior de tudo é que, por muito tempo eu acreditava na política, achava mesmo que existiam pessoas sensatas e honestas. Hoje isso mudou. Acredito sim que esses seres vão aparecer, quem sabe daqui uns 4, ou 5 milênios, chutando baixo. Porque realmente não acredito que "honestidade" e "política" possam caminhar juntas antes disso. Até que se prove o contrário e realmente façam deste um país melhor, estarei sempre disposto a criticar porque eu leio. E muito. É a grande arma contra os corruptos.

Afe, só dei porrada até aqui, mas falei mesmo (ou melhor, escrevi) o que penso.

domingo, 1 de agosto de 2010

O DIA DO FODA-SE

Se quer saber este post nem é tão inédito assim. Eu postei algo bem parecido no final de fevereiro, mas como meu perfil no twitter deu pau e cá estou eu tendo um ataque histérico por não poder saber detalhes da vida alheia nada melhor do que atualizar o blog.

E que os mestres do universo me ajudem.

O negócio é que nossa espécie tem uma capacidade incrível de gastar seus limitados neurônios para inventar o dia disso ou daquilo, algo que geralmente é sem qualquer propósito e relacionado a algum tipo de humor desprovido de graça (aliás, ao que tudo indica humor desprovido de graça é um recurso em abundância e totalmente renovável). Posto que esta semana tivemos mais alguns dias do isso e aquilo, eu me perguntei “por que não instaurar um dia que realmente valesse a pena? Tipo, o DIA DO FODA-SE”.

Como tudo neste post a idéia não é inédita. Em 2007 na Itália foi organizado um protesto batizado de V-Day ou o Dia do Vaffanculo (a tradução de vaffanculo seria “vai tomar...”), a idéia partiu de um jornalista e consistia basicamente em a população se juntar nas praças para “xingar” tudo o que estivesse errado.

Nem preciso dizer que apesar de fazer isso praticamente todos os dias, acho gloriosamente honroso estabelecer um dia para mandar a mediocridade generalizada SE FODER, mandar um FODA-SE a todos aqueles que aderiram a superficialidade como estilo de vida, FODA-SE a ignorância por opção, FODA-SE o desinteresse e a apatia, FODA-SE todos os que vivem apenas para serem entretidos, FODA-SE mais ainda todo mundo que acha que desgraça e sofrimento alheio é entretenimento e, por fim, FODA-SE o meu chilique.

Só não digo para instaurar o glorioso Dia do FODA-SE hoje porque hoje é aniversário do Rafa. Aliás, muitos parabéns pra ele porque afinal não é todo dia que se faz 18 anos.

terça-feira, 13 de julho de 2010

big bang

faz pouco tempo, li uma frase que me incentivou a escrever..."To com vontade de excluir tudo ¬¬..." sim, acredito que isso seja um pensamento que vive na cabeça de todos. quantas vezes não acordamos pensando nisso... mas aí é que me pergunto por quê? por que excluir tudo, ou o que vem a ser tudo??

é estranho pensar nisso? não? feche os olhos por uns instantes. pense em tudo que te incomoda. você realmente excluiria tudo, ou apenas tentaria mudar o que fosse possível e abriria mão do restante sem excluir. apenas deixaria lá. como uma lembrança.
aliás, você lembra quem você é? quem é você de verdade.
sim, nessa pode-se começar a falar sobre seu nascimento, seu crescimento e tal. mas este não é o princípio. não...
lembre-se tudo começou a milhares e milhares de anos numa explosão conhecida como big bang que deu origem a toda a vida existente, milhares de anos depois surge um carinha muito esperto chamado darwin que descobriu a evolução. muito tempo depois o homem constrói a bomba nuclear e explode (ou exclui, como quiser adaptar para sua leitura) cidades inteiras.
é o fim da vida? sim, se você for atngido, obviamente.
mas é então que me pergunto. demorou tempo demais pra chegarmos até aqui, pra estarmos vivos, todos, nesta época, por que diabos insistem em ter coisas como essa? o que temos não está bom? precisa ser excluído pra ter um novo começo, é isso?
há aqueles que pediam apenas uma chance para a paz.
mas parece que até hoje, cantam isso onde quer que estejam e não dão ouvidos.
parece até que não se importam, que assistem a tudo alheios ao que acontece a sua volta, preocupados apenas com as sombras que assistem nas paredes de suas cavernas.
lamentável pensar por esse lado, não?

mas não entendo isso. eu tento, encontro explicações pra mim, sem muito exito de me convencer.
e é por isso que resolvi escrever aqui hoje. porque aquela frase logo acima em negrito me chamou a atenção. porque excluir? será que isso não faz parte da vida de alguém, será que não mexeu com alguém, não fez a diferença pra ninguém? não??? sim, deve ter feito... e a partir do momento em que isso é excluído, apagado, o que vão pensar as pessoas que se levaram por tudo isso?
o vazio nunca é preenchido.
porque excluir, explodir com tudo?
às vezes, as pessoas só precisam saber que aquilo que elas gostam permanece lá. mesmo que nada aconteça. mas que ainda esteja lá e seja sempre a lembraça daquilo que tanto as tocou.

mas nem tudo é tão simples. duas cidades foram devastadas por explosões nucleares, outras tantas afetadas pela irradiação. isso sim é excluir tudo. e quem é que perde? todos nós. quantos artistas, escritores, quimicos, fisicos, atletas que um dia poderiam surgir, se foram nessas explosões catastróficas. não, não deram uma chance a paz.
é claro que a frase que li anteriormente não teria todas essas proporções. não, mas me fez lembrar de tudo isso.
porque é uma coisa que vive dentro de todos.
sempre queremos excluir tudo, apagar. vale a pena? por quê?
já apagou? ok. se arrependeu? agora é tarde.
se sentiu melhor? então ok.

será que o simples fato de apagar tudo resolve?
já estamos no século 21, a vida nos dias de hoje não mudou tanto quanto pensavam que mudariam. se tiver por base filmes antigos, como eles viam o futuro, aí vemos o quão distante estamos daquela visão. não temos carros e skates voadores. isso é mesmo uma pena. menos ainda carros que andam utilizando lixo como combustível. isso seria ainda melhor.
eu não quero excluir nada. o que tenho foi conquistado com dificuldade, outras coisas, não menos importantes, foram presentes. por que excluir? não quero uma bomba pra apagar tudo, talvez eu apenas acabe bloqueando algumas coisas na minha mente, mas não importa...
vai continuar lá. mesmo que um dia eu não lembre mais.
mas essa é a decisão que tomei pra mim.
e pra você? qual é a sua escolha?

terça-feira, 9 de março de 2010

Afinal o que é Rock'n'Roll?

Toda catedral é populista
É pop
É macumba prá turista
Mas afinal?
O que é Rock'n'roll?
Os óculos do John
Ou o olhar do Paul?




Já tem alguns dias que esse trecho de música não sai mais da cabeça...
Talvez seja apenas porque tenho me questionado muito sobre isso, talvez porque tudo esteja tão diferente daquilo que eu conhecia que já não sei mais o que, passei um tempo tentando descobrir como passar isso pra um texto razoavelmente decente, até que deu nisso...

Acredito cegamente que sim, o rock virou pop, mas não é recente. Foi uma mutação que levou um certo processo, um tempo de aceitação e adaptação por partes de bandas e público, claro. É só começar a pensar, qual foi a última banda de rock mesmo que surgiu??? Se forçar a memória, talvez as últimas tenham surgido no fim dos anos 70 ainda, bandas tipo Van Halen, Whitesnake, Iron Maiden, só pra pegar como exemplos, por que??? Porque são representantes da última fase em que o Rock, era Rock, era contestação, era protesto, era um punk mais trabalhado em suas harmonias, basicamente.

Mas eis que chegam os anos 80 o Rock'n"Roll sobreviveu em sua ardua luta contra a febre da era "disco", mal imaginava que era o começo do "hip hop", "break", a febre pop alçada por Michael Jackson e Madonna... vejam bem, não estou criticando ou desmerecendo o trabalho de ambos, mas apenas fazendo uma analogia entre estilos.
Ok, vamos pegar o que surgiu no cenário do rock nos anos 80?
Goo Goo Dolls, Hoodoo Gurus, INXS, Bon Jovi, Guns'n'Roses, Midnight Oil, The Smiths e milhares de outras boas bandas... mas com um detalhe... não era aquele rock em estado bruto que os mais velhos conheceram uma década atrás, mas sim, um rock pop, muito mais aceito, cativante, até mesmo, mais dançante...
E por que isso??? Por que essa mudança???
Claro que há quem responda apenas dizendo "evolução", mas eu não acredito nisso.
É claro que existe uma eterna guerra simbólica entre o rock e os demais estilos que vem e vão tentando roubar um pedaço daquele público que vez ou outra sente falta de algo novo, diferente, então a solução foi popularizar o rock.

É óbvio que certas coisas nunca mudaram.
O rock sempre foi considerado não apenas um estilo, mas uma atitude de quem o ouve, e isso, não mudou, seus representantes nunca deixaram os bares, ou as noites tão bem representadas por baladas com ótimas músicas, resgatando o rock seja de qual época for...
Mesmo com a popularização do rock, cantada pelos Engenheiros do Hawaii, ainda há quem diga que não, que o rock é rock o pop é pop e que são 2 vertentes opostas e diferentes.

Ainda assim, acho que não.
Principalmente nos dias de hoje.
Qual banda é que faz apenas rock, rock'n'roll mesmo???
Ouvi até muitas pessoas dizendo que sim, tinha sim e que eram os The Killers, The Vines e The Libertines, mas não acho não, por mais que eles façam ótimas músicas, que saibam tocar muito bem, inclusive várias músicas que gosto, não dá pra negar que o rock deles é pop.
Assim como todas as outras milhares de bandas de todos os cantos do mundo que surgiram nos meados dos anos 80 aos dias de hoje.

Mas há uma coisa nisso tudo em que ainda acredito.
Com o passar do tempo tudo foi catalogado demais. É indie, emo, hard, metal... cara, pra que tudo isso??? Não são todos estilos da mesma vertente... é simplesmente rock... muito mais simples... apesar que agora até sertanejo tem diversas divisões, mas enfim... o que quero dizer, pra finalizar, é que não vejo o porque de tantas categorias, subcategorias, cara, a maioria das bandas tocam é rock mesmo, não me importa a categoria, desde que eu goste, porque música quando é boa é pra ser apreciada. Simples assim.
Afinal o que é Rock'n'Roll?
Os óculos do John
Ou o olhar do Paul?

sábado, 20 de fevereiro de 2010

O ano começa segunda-feita

Cada minuto da minha vida era predeterminado, e estou farto disso. Parece que sou apenas mais uma tarefa na agenda de Deus: a Renascença Italiana marcada para logo após a Idade Média.
Para tudo há um tempo.
Para cada moda, mania, fase. Gira, gira, gira.
Eclesiastes, capítulo 3, versículo de tal a tal.
A Era da Informação é marcada para imediatamente após a Revolução Industrial. Depois a Era Pós-Moderna, depois os Quatro Cavaleiros do Apocalipse. Fome. Visto. Peste. Visto. Guerra. Visto. Morte. Visto. E entre os grandes eventos, os terremotos e as tempestades. Deus me enfiou como figurante. Depois, talvez em trinta anos, ou quem sabe no ano que vem, a agenda de Deus determinará que eu morra.

O trecho acima é do livro Sobrevivente, do mesmo autor do Clube da Luta – Chuck Palahniuk – e um dos livros mais fodões que eu já li. E esse trecho ilustra bem essa época do ano.

Como muitos dizem, é agora que o ano realmente começa, acabou o carnaval então a gente pode começar a viver de verdade. Certo?

Errado.

O carnaval acabou, mas os jogos Olímpicos de Inverno continuam, e mesmo que tudo esteja acontecendo a sei lá quantos quilômetros de distancia daqui a gente pára pra ver o Russo perder a medalha de ouro na patinação artística e os negos descendo a “pista da morte” em cima de uns trenós (sem renas) e vestindo umas roupas de lycra. E depois que os jogos acabarem vai ter a Páscoa, o Dia das Mães, Festa Junina, Natal (de novo), Ano Novo (de novo), a Copa no Brasil, o Dia Nacional da meia perdida do pé esquerdo. E por aí vai.

E por que a gente faz isso? Por que a gente pára pra acompanhar grandes eventos, mesmo que pela televisão, e inventa de comemorar datas que nem sabe direito de onde vieram e por que foram estabelecidas? Porque isso faz você se sentir parte de algo. Se você não comemora o Dia da Árvore você não é humano, você é uma falha na Matrix.

Não estou dizendo que isso é errado (os Mestres do Universo bem sabem que eu não contesto nada), mas às vezes isso torra a paciência. Por que você tem esperar o natal chegar pra dar presentes pra quem você ama? Por que eu não posso comer panetone em março? Por que esperar o ano novo para renovar suas decisões? Se carnaval é “tão bom assim” por que os brasileiros limitam a histeria aos dias de festa? Se é tão legal assim, por que não generalizar e estender a folia para os 365 dias do ano?

Tudo bem que os cientistas afirmam que datas comemorativas nos ajudam a perceber o tempo, quanto mais você comemora essas datas (e quanto mais fotografias tira, cientificamente falando) menos você tem aquela sensação de que o tempo voou. Isso é um fato e eu não vou contestar isso. Mas ao mesmo tempo, o único dia que existe de verdade é hoje (clichê até o joelho, mas verdade), e não é que a vida é feita de momentos, a vida é o momento (sim, é mais um pouco isso aqui vira apologia ao hedonismo). Eu não quero esperar até o dia 31 de dezembro, enquanto a maldita São Silvestre é televisionada, para pensar no que eu poderia ter feito.

Mas por que é que eu estou perdendo meu tempo e gastando minha limitada massa cinzenta filosofando sobre isso? Hoje é Sábado!

E a propósito, um feliz desaniversário para todo mundo.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Estátuas e Sombras

Ele estava sentado de frente a sua janela.

Era um dia nublado, como sempre é. Olhando o movimento das ruas, as pessoas vêm e vão e seus pensamentos se perdem ao longe de desconhecidos a sua frente.

Sem emoções, sentimentos, nada. Talvez as pessoas que o conheçam apenas tenham se afastado, ou ele mesmo se afastou preferindo a solidão de seu lar.

Olha fixamente para a rua, como se soubesse que lá, em algum lugar vai encontrar algo que talvez nem mesmo ele saiba o que é.

Passam horas, dias e noites, as pessoas nem estranham mais a janela sempre aberta, seu olhar perdido. Há quem diga que isso é uma confusa desilusão amorosa, ainda há quem diga que simplesmente não tem o que fazer – é um vagabundo –, mas ninguém nunca se atreve a perguntar.

Boatos correm de que ele nem mesmo come ou toma banho, está sempre lá, imóvel. Estaria morto?

Mas como não é problema de ninguém, quem se importa?

As crianças nas ruas inventam milhões de apelidos, fazem piadas que só elas entendem, nada faz sentido, eles cansaram de provocar, face do homem na janela nunca muda, ele nunca se move. Senhores e senhoras de certa idade dizem que na sua época não se via coisas assim, que isso é culpa de pais liberais demais.

Apesar disso, mais cedo ou mais tarde, todos sempre voltam a afirmar "isso é coração partido".

Seria mesmo?

Esse homem parado em sua janela olhando a rua há dias não se move, não esboça a mínima reação, frio, calor, tédio solidão, nada.

O que o faz ficar parado assim?

Nos momentos mais calmos da vizinhança era possível ouvir o telefone de sua casa tocando, mas era ignorado por ele, não estava nem ligando pra quem quer que seja que estivesse tentando entrar em contato, ele só ficava lá, observava tudo.

Nunca se viu nem mesmo outra pessoa dentro da casa.

Por mais que passasse o tempo ele continuava lá.

Mesmo aqueles que tinham más intenções e planejavam assaltar a casa, tinham receio. Ele poderia estar armado, pode ser um louco, um lunático esperando alguém se aproximar para ele mostrar todo seu descontentamento com as coisas que seus vizinhos diziam dele, podia ter um acesso de raiva pelas risadas que ouviu.

Aquela luz sempre acesa dentro do quarto com a janela entreaberta que somente tinha espaço para ele olhar o que se passava, não virava o rosto e nem menos se permitia perder em sua concentração.

Depois de um certo tempo as pessoas começaram a sentir-se incomodadas, começaram a reclamar entre si, sentiam-se vigiadas por um estranho que eles nem mesmo sabiam quem era.

As crianças pararam de atazanar a vida daquele sujeito, os pais, por medo, diziam para não ficarem muito em frente à casa. Os idosos temiam sua própria segurança.

Foi quando as fofocas nas ruas aumentam, todos acham que estão sendo discretos, mas não estão.

A polícia nem sequer pode fazer nada, porque o indivíduo está dentro de sua residência e nada fez para ninguém. Quem sabe observa a tudo devido a uma ordem de restrição, seja lá o que for que ele tenha feito está pagando, e isso, de certa forma conforta os moradores. "É mesmo só um vagabundo, tem que pagar". Mas eles nem mesmo sabem quem é.

Não se lembram de quando ele se mudou para lá, nem mesmo de terem dito bom dia para ele. Tudo girava em torno de suposições e intrigas com alguém que nem ao menos se defendia das coisas que diziam justa ou injustamente a seu respeito.

Nada o interessava mesmo? Por que alguém tão frio estava num lugar onde as pessoas costumam falar tanto de seus iguais, e ainda assim não é capaz de ver seus próprios erros...

E sempre, sempre há o velho clichê de que um dia alguém perde de vez a paciência e toca a campainha de sua casa, e mesmo assim ele não sai de seu lugar, continua lá ignorando. Talvez nessa hora esteja derramando uma lágrima por ver que alguém se importa, talvez somente seu corpo ainda esteja vivo. "Bom dia", "oi", grita insistentemente aquela moça curiosa que continua a tocar a campainha. Nisso os vizinhos correm para junto dela com o discurso de que querem ajudar, protegê-la, e o circo já está armado. Pessoas ficam em frente à casa tentando chamar a atenção daquele que há pouco tempo "era só um vagabundo", "um coração partido", mas como toda bola de neve tende a crescer, a mídia local dos pequenos jornais de bairro da região tenta construir uma história, é a grande chance destes pequenos jornalistas chegarem onde querem. Assim o jogo todo mudou, antes aquele que era o observador e agora é o observado o tempo todo. Mas ele nem ao menos se importa.

As pessoas começam a reparar que apenas uma luz na casa está acesa, assim como a TV ligada ao seu lado. Procuram saber o nome do proprietário da casa, tentam saber de tudo, traçar um perfil psicológico, querem tudo sobre ele porque a matéria cresceu. Entre os vizinhos, surgem os "amigos" que nunca o viram assim, voltam as histórias do coração partido.

Quase uma semana parado, há dois dias fotógrafos e repórteres seguem acampados, junto de alguns moradores que não tem o que fazer a não ser esperar e observar. Durante as tardes as pessoas rezam por ele, juntam-se pessoas do bairro inteiro tentando de alguma forma salvar aquele pobre homem que insiste em ficar lá.

Claro, há aqueles que afirmam que ele se levantou para ir ao banheiro. O pior é que eles confirmam que viram, mas não viram de verdade, querem apenas chamar atenção. E enquanto isso o estranho vizinho continua ali na janela. Talvez já esteja morto. Alguém o viu comer? – questiona um padre que chegou lá para rezar pela alma do cidadão.

De mochila preta, calça suja, tênis cheio de barro, chega um casal que observa ao longe atentamente e tenta entender o que se passa. Ao lado deles outro casal conta o que se passou. Todos se juntam na calçada rezando por ele, lágrimas são derramadas, meninas que querem seus minutos de fama dizem que não precisava acabar dessa forma e se acabam em suas próprias lágrimas. A frente da casa está cheia de velas, flores e incenso, já é quase uma atração turística. Mas ninguém entende o por quê.

A cada minuto que se passa naquele domingo mais e mais pessoas juntam-se ao culto, as pessoas dão as mãos e cantam, repórteres fazem a festa colhendo depoimentos e fotos deste acontecimento, é tudo tão sensacional que vai ser a capa da semana!

"Com licença", ouve-se uma voz assustada de um jovem passando entre a multidão, seguindo até a casa sem entender o que está acontecendo.

Ao vê-lo colocar a chave na porta as pessoas a sua volta falam ao mesmo tempo. Ele está assustado não consegue entender tantas frases juntas ao mesmo tempo, tudo está confuso. Quando olha para a janela percebe "esqueci a luz e a TV ligada... putz minha conta... não quero nem ver..."

Assustados os vizinhos não conseguem entender as milhares de sensações que se passam, uns querem bater naquele homem sem nem ao menos ele ter culpa pela curiosidade alheia. O padre, ainda sensato, pergunta sobre a pessoa na janela. "Sou escultor, fiz aquela peça e deixei secando." Diz o homem que acabara de chegar, conta que foi há várias exposições durante a semana e voltou justamente para buscar o "homem da janela". Neste momento as pessoas estão furiosas, repórteres frustrados. Em meio a tudo isso o padre conversa com o artista enquanto as pessoas vão embora com muita raiva por tudo o que passaram.

O padre apenas ouve o homem que tenta entrar em sua casa

"Não tive culpa, achei que voltaria logo, o senhor pode ver, quem largaria tudo ligado assim? Por que eu faria isso? E quem são essas pessoas? Eles não têm o que fazer? Tinham que ficar vigiando tudo assim? É muito estranho isso, não fiz nada errado e todos me culpam pela própria curiosidade, é sarcasmo isso, não? Eles vieram aqui, ficaram aqui, disseram o que quiseram, mas quando a verdade é dita todos somem, é sempre assim padre, o senhor sabe."

O vigário concorda, conta que ele também se deixou levar pela emoção, desculpa-se e vai embora, ninguém mais toca no assunto.

Enquanto a frustração e raiva tomam conta das pessoas, um fotógrafo olha as fotos que tirou, entrevistas que fez. Aquele homem que chegou na casa e entrou, ele também foi entrevistado, ele esteve todos os dias junto a multidão. O fotógrafo percebe que ele esteve o tempo todo ali anonimamente, observando a multidão em frente a sua casa. “Fomos observados desde o início” pensa ele. Por quê?

Ele reúne todos os arquivos, fotos, vídeos, o homem sempre esteve fora da casa, ele foi um dos primeiros que surgiu com a suposição de "coração partido". Então, sob a fúria que sentia, o fotógrafo volta até a casa, a estátua já não está mais na janela. Quando a campainha é atendida pelo mesmo homem que esteve em meio à multidão todos aqueles dias ele conta o que descobriu e quer apenas saber o por que.

Escuta então que tudo isso fazia parte de um estudo, uma tese de graduação sobre o quanto as pessoas se interessam mais em vivenciar a vida alheia do que sua própria vida, que todos, sem exceção nenhuma largaram tudo o que tinham que fazer simplesmente porque algo dentro de sua pequena sociedade era muito mais interessante do que viver suas vidas, que mesmo os mais jovens deixavam de sair para ficar olhando, todos querem comentar sobre a vida dos outros, mas ninguém quer ouvir falar da sua própria vida. Essa era a intenção do artista ao deixar de propósito a estatua na janela e ficar fomentando opiniões e teorias com as pessoas que ali se reuniam.

O fotógrafo se sente completamente inútil e constrangido. Ele sabe que também fez isso...

Será que todos fazemos isso mesmo? O tempo todo?

Ao voltar para casa ele faz as malas, apaga as luzes e resolve ir viajar, mas volta novamente para ver se as luzes estão todas apagadas. Já chega de cuidarem da vida alheia, é hora de cada um viver sua própria vida.




por: Rafael Takamoto & Roberta Grassi

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Lula lá... no cinema

Não entendo como alguém pode dizer que você deve deixar suas convicções políticas de lado quando for assistir “Lula, o filho do Brasil”, o cara ainda está exercendo o mandato e mesmo que não possa se reeleger (pelo menos não até agora) ainda assim soa como propaganda. Aliás, eu achava que filmes biográficos só deveriam ser produzidos quando o “homenageado” estivesse morto ou quase isso, mas parece que me enganei.


Eu não assisti “Lula, o filho do Brasil” e honestamente duvido que um dia vou assistir, então vou me abster de falar do filme em si. Mas o que me incomoda nessa história é que a mistura entre o Lula e a sétima arte parece tão insípida quanto uma sopa aguada e fumegante servida ao meio dia numa praia quando faz 33 graus, soa como algo que vai tão contra as leis da natureza quanto encontrar tijolos nascendo em árvores ou simpatia real e sincera em época de campanha eleitoral.

Pare por um minuto e tente fazer a associação entre o Lula e o cinema. Melhor, nem gaste um minuto inteiro porque a coisa simplesmente não funciona.

Imagine o Lula no Titanic – no filme, não no navio. O transatlântico vai e tromba num iceberg, enquanto isso no que deveria ser o jantar de gala está tendo um churrasco (no navio). O povo sente o choque e começa a histeria. Nisso Luiz Inácio da Silva, um líder nato, sobe em uma das mesas e entusiasmadamente discursa:

– Que é isso minha gente? Isso não foi nada, é só uma marolinha que não vai dar nem pra esquiar.

Observação: algum ser humano (ou não) já esquiou em uma marola? Creio que o Sr. Presidente confundiu marola com neve ou esquiar com surfar.

– Vocês vão abandonar um jantar tão bonito destes por uma besteira de um iceberg? – continua Luiz Inácio. – Passei duas horas fazendo escova no cabelo da Marisa para acabar tudo deste jeito?

Outra observação: Sim. Eu li em algum lugar que o Lula faz escova no cabelo da Marisa, não lembro onde e vou cometer a irresponsabilidade de não buscar nada em canto nenhum para corroborar esta informação. Mas se isso for verdade temos de admitir que Dona Marisa é uma mulher de muita coragem para entregar os cabelos aos cuidados de Luiz Inácio. E se entregar os cabelos aos cuidados do Lula parece uma insensatez, imagine entregar um país inteiro nas mãos deste homem.

Certo. Agora imagine outra situação. Imagine que o Lula sofre de uma rara modificação genética que o faz viajar pelo tempo involuntariamente. Então avacalhemos um pouco o enredo de The Time Traveler's Wife (que em português ganhou o nomezinho insosso de Te Amarei Para Sempre) e vamos dizer que Lula viajou para o passado, fez besteira e quando voltou para o presente milagrosamente descobriram a besteira que ele cometeu.

– Senhor Presidente, é verdade que o senhor provocou um incêndio na Biblioteca de Alexandria? – perguntou um repórter (porque brisa pouca é bobagem).

– Não foi que eu causei o incêndio – Lula se esquivou da culpa. – O que aconteceu é que eu nem sabia que estava em Alexandria, pensei que estava no churrasco no puxadinho do Alexandre, foi isso que entendi. Porque, como eu não tenho problema nenhum em admitir, eu não sei ler em alexandrez. Em certo momento da solenindade a companheira Dilma, que não me pergunte como ou por que e o que estava fazendo na minha viagem no tempo, se deparou com o meio ambiente e se sentindo ameaçada saiu correndo desabalada, se estabacou na churrasqueira e o fogo se espalhou. Mas posso garantir que foi tudo um acidente e que a repercussão disso, que podia ser um Tsunami, vai chegar aqui como uma marolinha que não vai dar nem pra esquiar.

E eu poderia buscar mais exemplos, mas vamos combinar que até bobagem tem limites e acho que já provei meu ponto. Além disso, hoje eu vou poder dormir pesado e sossegadamente as minhas 12 horas de sono sabendo que eu exerci o meu direito e dever cívico de descer o sarrafo em qualquer um que estiver no poder e rir um pouco à custa deles, afinal pagamos e muito bem o salário de toda essa gente.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Pra que serve um blog?

Algumas perguntas são recorrentes na minha mente:
De onde viemos? E por que estamos aqui?
O que é o truco?
Como o coelho da Páscoa bota os ovos?
Por que a Stephany não capota o Cross Fox?
Para onde vão os patos?
Que graça tem novela das oito?
Por que raios eu estou escrevendo um blog?
Como todas as outras perguntas citadas, ainda não achei resposta para essa última. Mesmo sem uma razão de existir ou um sentido especificado e claro cá está essa joça.
PS: qualquer resposta para as perguntas acima são bem vindas.