andando nas colinas, do alto das grandes geleiras do deserto, perde-se entre as arvores secas durante a alvorada. sente a brisa quente do inverno, o leve odor das folhas que caem.
sente-se só.
sente-se forte.
sabe que logo alcançara o apogeu de seu declinio.
ouve as risadas ao longe. sente o gosto amargo do suor.
uma explosão.
tudo começa a acelerar. sente que pode nadar ao olhar a agua na pia.
não há paredes no buraco negro. mebranas tentam prender, mas ao acelerar seus pensamentos, fica quase intangivel. vai alem do pensamento ludibriado pela insana consciencia de seu ego perdido.
deixa se levar pela maré do corredor dos devaneios alucinantes.
fecha os olhos pra ver o fogo que o extintor dispara em rajadas contra o sussurro dos ventos do norte. consegue ver os guardiões do palacio dentro da masmorra sem passado.
perdeu o trem.
perdeu a linha e a passagem.
vai ficar encarceirado na ilusão daquele passado que nunca teve. vai se agarrar ao sonho inconsequente de seu carma. vai caminhar no pensamento alheio de um sentimento que nunca conheceu. vai estar longe, antes que possa chegar. vai se levantar de uma cova que não viu, quando não podia ouvir. alucinado pela luz dos postes onde nunca houve eletricidade. ele segue atras daquilo que não sabe o que é, mas que nunca esteve em lugar nehum. estende as mãos e sente o perdão raivoso da culpa de um inocente que apenas acreditou. não vê nada além de um carma condenado ao acaso de um destino hipocrita com ideais superfulos demais para serem levados a sério.
sente em seu tato o paladar perdido durante a luta contra a sua imoralidade roubada pelos anciões de seu alter ego. não vê o aqui. nem percebe ali.
sobe nos muros de um sonho esquecido para tentar ao menos ver onde chegou, mas nem ao menos saiu do lugar. sente o calor iminente da derrota presa na faca.
deitado na parede do jardim, resolve caminhar no teto de marmore para trancar a saída. prefere não conhecer a porta azul de isopor. caminha entre as pedras cegas que viu dias antes no porto de onde partiu sem conhecer a ira insandecida dos guerreiros da cidadela. carrega em suas costas as marcas dos ingloriosos dias em que se deitou na relva da manhã para contemplar a sagrada ordem que ouve sussurar dos magos mortos. sentiu a verdade esmurrando sua face. sentiu o calar das sombras. viu as estrelas caindo quando os tiros de discordia as atingiram. a poeira das ruas é levada pelas cinzas da luz incendiada. sente o calafrio de uma decisão complascente, sente queimar em suas veias a mediocridade de um tolo devaneio que se deixa ludibriar pela mimese de uma metafora.
é quando toda a sintaxe presa se deixa levar pelo utopico pensamento de uma id que não conhece. sente o sabor amargo de uma viória trapaceada pela injustiça de um inocente desejo de perder tudo o que jamais teve.
não vai além.
não vai mais voltar.
caiu do muro do lado errado.
desmaiou dentro do sonho que nunca viu.
caminhou entre as mascaras da ilusão do labirinto até fechar as frestas das janelas entreabertas....