sábado, 18 de maio de 2013

A arte da brisa



Aviso:
O nome mais acertado para este post seria “A arte de filosofar”, mas eu achei que “A arte da brisa” soava melhor.


Aviso 2:
Este post não é uma resenha, nem uma crítica, nem qualquer outra tralha do gênero. Se você quer uma classificação para este texto, encare-o como um comentário que se estendeu além da conta.


“Ficamos tristes em casa e culpamos o tempo e a feiura dos prédios, mas na ilha tropical aprendemos (depois de uma discussão num chalé, sob um céu azul imaculado) que as condições climáticas e a aparência de nossa morada jamais serão capazes, por si só, de escorar nossa alegria ou nos condenar à infelicidade”.



Sei lá desde quando A Arte de Viajar do Alain de Botton estava na minha lista de livros que eu queria, e sei lá por que eu não comprei este livro antes, pra falar a verdade eu nem me lembro como cheguei até este livro.

Eu gosto de ficar fuçando em sites que vendem livros, é como consultar um catálogo de vidas que você pode escolher viver: você olha a capa do livro, lê a sinopse e escolhe o que vai ser durante os dias em que estiver lendo aquele livro.

Sim, viver através de livros é uma vida pela metade, constantemente interrompida pela realidade, mas eu aprecio muito a sensação do meu cérebro interpretando as palavras impressas na página e enviando ordens para a “destilaria” dentro dele, que libera as “quimicazinhas” que me fazem sentir o que aquelas palavras estão dizendo. Eu realmente aprecio esta sensação. 

Provavelmente em alguma destas fuças entre livros à venda, meu cérebro passou a esperar para enviar à destilaria as ordens vindas de A Arte de Viajar.

Como consumidora ávida de ficção e acostumada a histórias com começo, meio e fim bem definidos, eu achei que o livro poderia ser meio complicado, mas a leitura é super fluida porque Alain de Botton escreve super, super, super bem.

Mais do que filosofar sobre o fascínio que o ato de viajar nos desperta, ou o por que nos dispomos a abandonar o conforto do lar, nos aventurar em culturas diferentes e “habitats” que não são os nossos e, por fim, por que sempre voltamos para casa, o livro acaba por oferecer uma nova maneira de encarar tudo a nossa volta. E a maneira com que o autor faz isso é o mais interessante: em cada parte do livro ele explora um lugar “junto” com uma personalidade.




Em determinado momento to livro, por exemplo, somos levados à Provença, na França, lugar onde Van Gogh viveu por 15 meses. A partir de um relato de viagem do autor, descobrimos como a região inspirou Van Gogh e como a presença do artista influenciou a cidade.

Nem preciso dizer o quanto eu brisei com o livro, né?

Ah sim. E além de tudo, o livro tem figuras!

Resumo da ópera: R$14,87 muito bem gastos (e o livro ainda chegou antes do prazo).



quarta-feira, 8 de maio de 2013

Todas as palavras que eu escrevi




Aviso:
Sim, o Esquizofrenia Coletiva está sendo ressuscitado

Aviso 2:
O post a seguir contém incoerência, egocentrismo, palavras chulas, certa dose de falta de noção e outros fatores que podem fazer mal à saúde, mas que são a alegria de muita gente.


E dito isto estou habilitada a postar a bobagem que eu quiser.



Se você acompanhou a minha histeria de ontem já deve desconfiar sobre o que este texto trata (aliás, “a histeria de ontem” é uma combinação de palavras fantástica, mas este post não é especificamente sobre esta combinação de palavras).

Não é novidade pra ninguém que me conhece (e para alguns desconhecidos também) que eu gosto de escrever e aporrinhar os outros para ler a joça toda que eu escrevi. Em algumas raras ocasiões minhas escrivinhadas tomam proporções acima das esperadas e me proporcionam alegria imensa e uma inflamação de ego por tempo indeterminado. Uma destas ocasiões aconteceu ontem (e foi o motivo da minha histeria): um dos meus contos vai fazer parte da uma antologia da Editora Draco, e quando eu fiquei sabendo disso eu tive um meio ataque histérico e saí dando pulinhos (mas tudo bem, porque meu local de trabalho, assim como grande parte da cidade de Guarulhos, foi construído em cima do que antes era um hospício indígena, então as demonstrações de demências ali são constantes e recorrentes – e todos nós amamos redundância!).

Não acredita? Clica AQUI e confere.
(Me refiro ao conto selecionado na antologia e não às evidências de que Guarulhos foi construída sobre sanatórios indígenas)

A questão é a seguinte: se apenas em raras ocasiões o que eu escrevo ganha certa relevância, então por que eu insisto em escrever?

A resposta óbvia é que essas “raras ocasiões” compensam todas as outras tentativas que não surtiram o efeito que eu queria (e que mesmo assim não foram em vão, já que os textos resultantes destas tentativas continuam a existir). 
Mas a coisa vai além disso: eu escrevo pelo simples prazer de escrever, pela satisfação de ver uma folha em branco passar a abrigar vidas e história que não existiam antes e que não existem em mais lugar nenhum além daquela página. Eu escrevo porque me surgiu uma ideia e eu decidi que esta ideia merecia ser desenvolvida e expandida, esmiuçada em detalhes. Escrevo pelo egocentrismo de achar que uma bobagem que eu pensei merece ser registrada e mostrada a outros, e que alguém vai tirar disso qualquer proveito (mesmo que esse proveito seja uma diversão passageira). Eu escrevo porque a ideia ficou martelando na minha cabeça. Escrevo por capricho e só pra satisfazer uma vontade. Escrevo para mim, embora quando outros leem o que eu escrevi a história ganha vida e nova forma numa imaginação diferente da que a criou. Eu escrevo porque cada página escrita é como um horcrux (e eu torço para não perder o nariz igual o Voldemort), cada história que eu invento e registro é como um ponto fixando minha existência neste mundo, trazendo a sensação de imortalidade porque mesmo depois que eu não estiver mais aqui as pessoas vão poder me achar diluída nas combinações de palavras que eu criei. Eu escrevo porque a página estava em branco e o cursor ficava piscando me perguntando “e agora, o que acontece?”.

E eu vou continuar escrevendo, porque sempre vai haver uma nova “rara ocasião” em que o que eu escrevi ganha certa relevância e eu vou poder me refestelar na minha inflamação de ego e mais uma vez dizer “bom trabalho, Roberta. Bom trabalho”.



PS: Eu avisei que o post estava abarrotado de incoerência e egocentrismo, não avisei?