Aviso:
Este texto não tem a intenção de
desrespeitar as obras de Stephen King e Stanley Kubrick, embora possivelmente
(muito provável) isto aconteça.
Aviso 2:
Este texto é apenas uma elucubração sem
qualquer pretensão ou propósito de ofender ninguém, embora provavelmente (é
possível) isto aconteça.
E feito
os devidos esclarecimentos, agora estou apta a dizer todas as bobagens que eu
quiser
Até pouco tempo atrás eu tinha a plena
convicção de que o emprego daquela argentina lazarenta que apresentava o Ciudades
y Copas no Discovery Travel & Living era o trabalho dos sonhos. Tudo o que
aquela cretina tinha que fazer para ganhar dinheiro era viajar pela América
Latina indo de bar em bar experimentando as biritas locais (aliás, programas
deste tipo são de um sadismo absurdo, esfregar na cara do assinante de TV a cabo
que existe um mundo inteiro além das tantas polegadas de sua smart TV é muita
tortura). E apesar de continuar achando uma excelente ideia ser paga para beber
e viajar, o fato é que depois de mais de um ano trabalhando num shopping que é
um ralo por onde escoa todo tipo de gente (todo tipo de MUITA gente) me veio a ânsia
pelo isolamento, o que não privilegia a coisa toda de ficar indo de bar em bar
(cheio de MUITA gente).
Não me leve a mal, eu acho a humanidade
fantástica e adoro pessoas (afinal as pessoas criaram as artes, desenvolveram a
tecnologia e inventaram o café solúvel), mas (mas é uma palavra importante) as
pessoas às vezes (às vezes mais, às vezes menos) enchem o saco, torram a
paciência e te fazem pensar como seria não ter que aturar o drama, as
complicações e as baixas expectativas de ninguém por um tempo.
Pensando em isolamento me veio na mente a
história de O Iluminado (é, aquele livro/filme que o cara é contratado pra
cuidar de um hotel durante o inverno e arrasta mulher e filho para o meio do
nada).
E sim, trocar (mesmo que hipoteticamente) a
chance de beber por toda a América Latina pelo isolamento de um hotel no meio
do nada mostra bem o meu estado de espírito, mas a ideia realmente me apetece. Imagina
passar um tempo isolado, curtindo a solidão e voltar com saudade das pessoas,
do trânsito e das filas de supermercados. E fora isso ainda tem todo o espaço e
tempo livre, eu poderia treinar guitarra a hora que eu quisesse e com o
amplificador no volume que eu bem entendesse. Um mês de isolamento e as
quintinas não seriam mais problemas. Só pra não me encantar demais com o
isolamento, eu teria minha dose diária de humanidade assistindo filmes (de
preferência brisados, sobre gente doida, drogados e suicidas). E (seguindo o
exemplo do personagem do Jack Nicholson) eu teria muito tempo e absoluto
sossego pra escrever, escrever e escrever.
Claro, existe a possibilidade de a macumba
enterrada nas fundações do hotel dificultar minha vida, mas eu tenho um plano
pra evitar isso.
Primeiro, eu não levaria criança nenhuma
comigo. Todos os filmes de terror já deixaram bem claro que crianças nunca são
uma boa ideia em hipótese nenhuma, ou elas carregam a semente do mal que vai
acabar com a sua vida ou representam a inocência que você vai ter que morrer
para salvar. Como eu disse, não são uma boa ideia, então nada de crianças. Em
vez do moleque com o amiguinho na boca (problema que seria facilmente resolvido
com Listerine), eu levaria a Amelie – além de tudo ainda dizem que gatos
espantam espíritos, almas penadas e consultoras da Avon.
Segundo, eu evitaria o quarto 237.
Terceiro, os exercícios de metrônomo com a guitarra
me protegeriam. Tipo, as almas penadas estão mortas mas não estão surdas.
E se você está se perguntando o que
aconteceria caso as gêmeas do capeta aparecessem do nada num fim de corredor,
sem pânico. A solução é simples: uma boneca Monster High pra cada um e tá tudo
certo.
Ou seja, a quizomba que (possivelmente)
assombra o hotel não me aterroriza e eu realmente gostaria de ser paga para me
isolar temporariamente.
Se alguém souber de alguma oportunidade,
favor entra em contato.