quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A Antibiblioteca – todos os livros que eu ainda não li


Aviso:
Este post é altamente superficial e desnecessário, e eu até pediria desculpas por isso, mas o fato é que você não é obrigado (a) a ler esta joça.




“O escritor Umberto Eco pertence àquela classe restrita de acadêmicos que são enciclopédicos, perceptivos e nada entediantes, Ele é dono de uma vasta biblioteca pessoal (que contém cerca de 30 mil livros) e divide os visitantes em duas categorias: os que reagem com: “Uau! Signore professore dottore Eco, que biblioteca o senhor tem! Quantos desses livros o senhor já leu?”, e os outros – uma minoria muito pequena –, que entendem que uma biblioteca particular não é um apêndice para elevar o próprio ego, e sim uma ferramenta de pesquisa. Livros lidos são muito menos valiosos que os não-lidos. A biblioteca deve conter tanto das coisas que você não sabe quanto seus recursos financeiros, taxas hipotecárias e o atualmente restrito mercado de imóveis lhe permitam colocar nela. Você acumulará mais conhecimento e mais livros à medida que for envelhecendo, e o número crescente de livros não-lidos nas prateleiras olhará para você ameaçadoramente. Na verdade, quanto mais você souber, maiores serão as pilhas de livros não-lidos. Vamos chamar esta coleção de livros não-lidos de antibiblioteca.”


O trecho acima é do livro A Lógica do Cisne Negro de Nassim Nicholas Taleb, que fala sobre “o impacto do altamente improvável” e promete nos ensinar a “gerenciar o desconhecido” (ou pelo menos é o que a capa diz).

Ainda nem cheguei na metade do livro, mas poderia ficar falando sobre ele por horas (o que não é nada alarmante posto que geralmente eu posso falar horas sobre qualquer coisa).

No livro Taleb apresenta alguns conceitos com potencial brisativo quase infinito e bate continuamente na tecla de que “o que você sabe não pode te machucar”.

É engraçado (pra dizer o mínimo) tentar ver as coisas por este ângulo. A gente sempre acha que o que a gente sabe influencia muito mais na nossa vida do que aquilo que a gente não sabe. E no caso da antibiblioteca é ainda pior, porque é quase uma regra que os livros que você leu te definem.

O erro é que enquanto eu carrego um exemplar de O Apanhador no Campo de Centeio pra cima e pra baixo, visto uma camiseta com a uma frase do Bukowski e uso uma caneca do Laranja Mecânica eu esqueço que mais do que colocar uma etiqueta pseudo cult na minha testa, os livro que eu li me transformaram, expandiram minha mente e abriram as portas para que outros livros, outros autores, outros conceitos, mais histórias e mais personagens entrassem na minha vida.

Fiquei com essa coisa da antibiblioteca martelando na minha cabeça, é como se para cada livro lido as estantes da nossa biblioteca se expandissem e criassem lugares para outros livros. Talvez isso pudesse ser explicado porque ler é sim um ato viciante, ou porque a cada troço bem escrito que você lê acaba comprovando a capacidade humana de criar, transmitir ideias e perceber a si mesma de maneiras tão distintas e isso quase anula todas as bobagens com as quais a mesma humanidade nos bombardeia todos os dias. Ou vai ver eu só me impressionei coisa a antibiblioteca porque o conceito criado por Taleb explica de maneira quase lógica minha compulsão por comprar livros e a satisfação de vê-los se empilhando no meu quarto, ao mesmo tempo em que me livra da pressão de ter que ler todos os livros que tenho antes de adquirir outros.

Como falei no começo do texto, o potencial brisativo de A Lógica do Cisne Negro é quase infinito, só no parágrafo acima citado há muito mais a ser explorado, mas por enquanto é bom simplesmente lembrar que um livro não é uma mera bijuteria intelectual ou apenas “um apêndice para elevar o próprio ego, e sim uma ferramenta”.