sábado, 20 de fevereiro de 2010

O ano começa segunda-feita

Cada minuto da minha vida era predeterminado, e estou farto disso. Parece que sou apenas mais uma tarefa na agenda de Deus: a Renascença Italiana marcada para logo após a Idade Média.
Para tudo há um tempo.
Para cada moda, mania, fase. Gira, gira, gira.
Eclesiastes, capítulo 3, versículo de tal a tal.
A Era da Informação é marcada para imediatamente após a Revolução Industrial. Depois a Era Pós-Moderna, depois os Quatro Cavaleiros do Apocalipse. Fome. Visto. Peste. Visto. Guerra. Visto. Morte. Visto. E entre os grandes eventos, os terremotos e as tempestades. Deus me enfiou como figurante. Depois, talvez em trinta anos, ou quem sabe no ano que vem, a agenda de Deus determinará que eu morra.

O trecho acima é do livro Sobrevivente, do mesmo autor do Clube da Luta – Chuck Palahniuk – e um dos livros mais fodões que eu já li. E esse trecho ilustra bem essa época do ano.

Como muitos dizem, é agora que o ano realmente começa, acabou o carnaval então a gente pode começar a viver de verdade. Certo?

Errado.

O carnaval acabou, mas os jogos Olímpicos de Inverno continuam, e mesmo que tudo esteja acontecendo a sei lá quantos quilômetros de distancia daqui a gente pára pra ver o Russo perder a medalha de ouro na patinação artística e os negos descendo a “pista da morte” em cima de uns trenós (sem renas) e vestindo umas roupas de lycra. E depois que os jogos acabarem vai ter a Páscoa, o Dia das Mães, Festa Junina, Natal (de novo), Ano Novo (de novo), a Copa no Brasil, o Dia Nacional da meia perdida do pé esquerdo. E por aí vai.

E por que a gente faz isso? Por que a gente pára pra acompanhar grandes eventos, mesmo que pela televisão, e inventa de comemorar datas que nem sabe direito de onde vieram e por que foram estabelecidas? Porque isso faz você se sentir parte de algo. Se você não comemora o Dia da Árvore você não é humano, você é uma falha na Matrix.

Não estou dizendo que isso é errado (os Mestres do Universo bem sabem que eu não contesto nada), mas às vezes isso torra a paciência. Por que você tem esperar o natal chegar pra dar presentes pra quem você ama? Por que eu não posso comer panetone em março? Por que esperar o ano novo para renovar suas decisões? Se carnaval é “tão bom assim” por que os brasileiros limitam a histeria aos dias de festa? Se é tão legal assim, por que não generalizar e estender a folia para os 365 dias do ano?

Tudo bem que os cientistas afirmam que datas comemorativas nos ajudam a perceber o tempo, quanto mais você comemora essas datas (e quanto mais fotografias tira, cientificamente falando) menos você tem aquela sensação de que o tempo voou. Isso é um fato e eu não vou contestar isso. Mas ao mesmo tempo, o único dia que existe de verdade é hoje (clichê até o joelho, mas verdade), e não é que a vida é feita de momentos, a vida é o momento (sim, é mais um pouco isso aqui vira apologia ao hedonismo). Eu não quero esperar até o dia 31 de dezembro, enquanto a maldita São Silvestre é televisionada, para pensar no que eu poderia ter feito.

Mas por que é que eu estou perdendo meu tempo e gastando minha limitada massa cinzenta filosofando sobre isso? Hoje é Sábado!

E a propósito, um feliz desaniversário para todo mundo.

3 comentários:

  1. pq perder tempo....
    uma vez, ferris bueller, disse: "a vida passa muito rápido, se vc não parar p/ curtir de vez em qdo, a vida passa e a gente nem vê".
    o cara é um gênio...
    pq é a real, a gente tem q curtir o momento, seja ql for, mas se vc perdeu tempo p/ postar, qr dizer q tbm perdi tempo p/ comentar, seria isso????
    hahahahahahahahahaha

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  2. O Ferris Bueller sabe viver a vida adoidado.
    E acho q vc deveria maneirar na coca-cola, a cafeina tá afetando seu cérebro hahahahahaha
    Vc tá brisando mais q eu.

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  3. brisar faz parte da nossa insanidade.... é q ultimamente tem aflorado isso a todo monento...

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