segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Corrente Canhota



Ele queria acreditar, mesmo não conseguindo, parecia tão real quanto o que realmente não podia ver... horas, às vezes, não fazem o menor sentido, o tempo deixa de ser toda aquela incógnita indiferente do mundo... e tudo o que ele queria era poder estar longe, correr pra perto, é tudo tão confuso que mal sabe o que precisa descobrir a seguir...as opções aparecem como sonhos, sempre deiferentes, sempre confusas, mas nada tão abstrato ou surreal quanto suas próprias duvidas de si mesmo...

Ele só precisava estar fora de si para entender o que se passou ao seu redor... às vezes precisa de um pensamento perdido, esquecido, para que tudo de novo se encaixe... mas tudo que um dia lhe pareceu perdido, hoje parece encaixar nos mais estranhos quebra cabeças que já viu. Pensa claramente em como um redemoinho podia cavalgar nas dunas do deserto espalhando a àgua do mar nas nuves de poeira das fábricas abandonadas, essas imagens não explicam nada, mas as peças se encaixam como velhas conhecidas.

Mesmo que às vezes seja só uma luz... pode ser que o interruptor estava mal localizado, mas ele o encontra... sempre... tenta reconhecer as sombras e vultos que passam em sua mente, nada é tão real quanto o único rosto que pode ver com um minímo de lucidez, nada faz sentido dentro de sua imaginação que um dia o declarou uma pessoa comum, hoje, está muito além disso e se sente só em seus próprios devaneios. Mas não seria tão complicado se não fosse tao simples. Não vai atrás de nenhum outro rosto, nada o faz perder o foco, nada vai lhe tirar do caminho que escolheu. Mas tem certeza que nunca mais vai voltar ao ponto de partida. Desistiu das glórias que um dia conquistou por uma chance de não ser mais lembrado, apenas isso.

E é claro, às vezes, toda noção se perde num suspiro. Tudo encontra uma razão na insensatez inexplicável de palavras soltas pelo mundo. Ecoando até chegar onde deveriam. Quando chegam, é que se tornam reais. Palavras cegam quando chegam. Cegam toda a luz. Cegam tudo que se pode deixar livre. Cegam até mesmo qualquer decisão. Mas nem tudo parece tão ruim...

...porque às vezes, basta um sorriso...

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Aquario do Deserto





E por um instante sentiu-se consciente, como há muito tempo não sabia o que era isso, sentiu uma estranha sensação... parecia estar tudo tão distante, parecia até que tudo estava se despedaçando antes mesmo que chegasse perto o suficiente para derrubar...
Sentia-se envolvido pelos prazeres de um mundo que não lembrava nem mesmo o caminho para chegar, mas sabia que toda volta era perplexa e cheia de nevoa... não sabia se iria voltar tão cedo, até porque nem sempre a estadia é tão ruim quanto parece.
Viajou daqui para lá. E de volta novamente. Como sempre, sem perder o rumo.

Os mesmos velhos lugares e ainda reencontra velhos rostos que não via, ou porque evitava, ou porque realmente não encontrava, mas agora há algo novo, diferente, parece um  segredo que ainda não pode ser revelado.

E então, sente-se pronto para recomeçar vai se esforçar por algumas coisas. E pelo que disseram, muito do que está para acontecer pode durar para sempre... mas o pra sempre é instavel. Então porque não aproveitar o que já existe. Ao menos enquanto dura...

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Baldes de Areia

O ultimo fogo subirá através daqueles olhos...
A casa assombrada caíra sob seus pilares...
Garotos cegos não mentem sentem um medo imortal...
Aquela voz era tão clara através de paredes rachadas...
Aquele grito ainda ecoa sob acordes distorcidos...
Perdido em sua iluão atemporal, cavalga entre marés e desertos...
Não vai chegar a lugar algum além de sua imaginação...
Não são capazes de nos derrubar, não podem!!!

Hoje será o fim do acaso, um confronto do destino.
Espadas reluzentes lutam contra chamas...
Não há vitória. Não existe derrota. Não há fuga.
Há apenas o fim.
Acaba a esperança.
Vendavais carregam a fumaça do fogo na vila...
Tudo que um dia foi perdido, hoje volta.
Está de volta toda a perdição.
Estamos de volta ao recomeço.
E toda a vida se esvai numa goteira para um oceano já seco...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Um Gole de Café

Às vezes o tempo corre ao nosso lado, mesmo que sem perceber, acabe atrapalhando um pouco, mas tudo bem...
Quando se tem demais, não há o que fazer, quando não se tem... é complicado querer ver além, quando não se sabe o que está procurando...
E algumas pessoas dizem algo que decepciona... outras dizem aquilo que é preciso, só isso... e em alguns lugares passa-se tempo demais sem saber quanto tempo se passou...

Não existe a plenitude, seja do que for, todos já buscaram, mas alguém encontrou?? Ainda assim a gente a encontra um pouco de tudo o que procuramos em todos lugares que vamos... quem sabe não é isso que faz tudo valer cada vez mais...

Um dia só é tudo, outras vezes nem conta nada... mas e daí??? Sempre vamos reclamar que passou rápido demais, que não foi o suficiente, por mais que seja aproveitado, não vai ser o bastante... nunca é...

Há muita coisa que ainda vale a pena procurar, assim como há aquilo que nem se deve mais lembrar... e assim a gente segue... encontrando mesmo que por pouco tempo, aquilo que faz tudo valer, cada vez mais... e quantas vezes algo tão simples faz ver que tudo, tudo mesmo, sempre vai valer a pena... o tempo todo, mesmo que por pouco tempo, já vale um dia...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

e-Relevância



Meu dia começa com café e a via sacra por e-mails e redes sociais. O que aconteceu enquanto eu dormia? Durante este tempo alguém tentou falar comigo? Nada aconteceu e ninguém quis falar comigo, mas a sensação é que meu dia não começaria se eu não verificasse.

Mesmo que nada tenha sido escrito especificamente para mim eu continuo lendo. Alguém dispara um “bom dia para todo mundo”. Eu não respondo. Uma sequência quase infinita de Ks apresenta um vídeo que eu nem acho tão engraçado assim. Alguém manda um link do novo pôster de qualquer lançamento do ano que vem. Outro alguém reclama do trânsito. “Vai chover? Não pode chover hoje”. Mas vai. A coisa segue assim. Até que no meio do jorro contínuo de pensamentos soltos e à própria sorte eu esbarro em uma indireta e estanco a enxurrada de informações.

Redes sociais são o reino das indiretas. Minha mente é o reino do egocentrismo. O resultado disso é a paranoia de que qualquer indireta possa ser para mim.

O que eu teria feito para receber esse xingamento jogado na diagonal e que pretende atingir seu alvo com ares de acaso? Eu não fiz nada, pelo menos não me lembro de nada. Espera, eu nem conheço a pessoa que disparou a indireta, então a indireta não pode ser para mim. Espera mais uma vez, eu estou usando a internet para acompanhar a vida de uma pessoa que eu nem conheço? A resposta é “sim, eu estou fazendo exatamente isso”. Mas eu tenho minha consciência tranquila, eu só sei da vida deste estranho o que esse estranho permite que os que são estranhos a ele saibam.

Consciência limpa.

E de repente escuto ecos de Tyler Durden na minha mente: “esta é sua vida, se esvaindo um minuto de cada vez”. E enquanto minhas células morrem e outras nascem para ocupar o lugar das mortas e a gravidade trabalha para manter todas essas células juntas, eu ocupado espaço e gasto tempo lendo o que outros fizeram ou deixaram de fazer.

Mas espera, pela terceira vez. Não há nada de errado nisso. Afinal é isso que é a internet, certo? Um laço de solidariedade online. Uma sequência infinita de números binários que conecta os exemplares de nossa espécie em uma rede invisível. Além disso, eu e o entranho da indireta que não era pra mim compartilhamos o mesmo gosto musical, gostamos dos mesmos filmes, torcemos para o mesmo time, nós poderíamos ser amigos se morássemos perto.

Não. Eu e o estranho do qual acompanho os passos nas redes sociais não seriamos amigos se morássemos perto, porque eu mal falo com meus vizinhos, na verdade eu odeio a maioria deles.

Mas por que é que eu estou perdendo tempo com esta linha de raciocínio?

Decido colocar este assunto de lado, ruminar este tipo de coisa só vai arruinar o meu dia. Continuo de onde eu parei: a indireta que era para sei lá quem.

Daí para frente fico sabendo como está o humor de alguns conhecidos, o que gente com quem eu não convivo mais anda fazendo, notícias sobre política, esporte e cultura, e fico sabendo o que aconteceu com amigos que eu deveria  ter telefonado para saber como estão.

Lembro que assisti um filme na noite anterior e que enquanto tentava dormir o filme ficou martelando no meu cérebro. Por alguma razão nada lógica, sinto uma urgência em disseminar minha opinião sobre o filme. Mas mesmo com a urgência em falar, não quero dizer besteira, então recorro ao Google para coletar o maior número de informações sobre o filme que assisti. Depois de alguns cliques o impacto que o filme causou em mim está soterrado embaixo da opinião de gente que sabe mais do que eu e de todos os dados que eu coletei, e eu estou pronta para sair alardeando sobre o filme sem parecer uma fã histérica ou uma caipira.

Diluo minha opinião em 2 partes de “aceitável”, ¾ da opinião de entendidos no assunto em questão e me permito expressar o que eu penso em apenas ¼ da terça parte de tudo isso. Distribuo essa mistura em porções de 140 caracteres e as gaguejo na timeline de quem me segue, linkando um fragmento de pensamento ao outro com sinais de mais e expressões como “além disso”. Da timeline a coisa toda se duplica para o mural do facebook, se tiver sorte ganho um RT ou dois, um polegarzinho para cima e algum reply.

Algumas horas depois o assunto, os fragmentos de pensamento linkados com sinais de mais e a repercussão que eles causaram já morreu e qualquer menção a eles tem gosto de comida amanhecida e requentada.

Não me leve a mal. Eu não saberia viver sem internet (quer dizer, até saberia, mas ia fazer um drama lazarento se tivesse que viver sem) e estou aprendendo que as redes sociais servem pra muita coisa além de postar fotos pseudo artísticas e gorfar frases de efeito. Mas é que às vezes me vem essa insatisfação generalizada que me faz querer refutar tudo que é superficial e então quero escrever dezenas de páginas sobre o mesmo assunto e ter a certeza de que alguém vai ler. Às vezes imagino como seria conversar por duas horas sem nenhuma vez recorrer a clichês e futilidades para manter a conversa fluindo. Porque às vezes um RT não é o suficiente para saber que você foi ouvido. E às vezes eu quero menos irrelevância.


@robertagrassi

Quadros Vazios

Nada nunca é tão certo quanto uma incerteza... isso realmente é uma afirmação que carregamos dentro do consciente, mesmo que ele discorde inconscientemente, arcando com as consequências...
E tudo que se esvai com o tempo, volta ao ponto de partida... e dá voltas, nos enganando sempre... fazendo ver o que interessa e deixa passar o que poderia ser importante, mas que vai se perder depois...
E quando alcançamos o topo, há ainda outros lugares ainda mais altos... novos desafios, velhas partidas... parece que a repetição nunca vai ter fim, será que é pra ser assim??

Antigos momentos que voltam a tona quando menos se espera... no meio do nevoeiro há um sorriso... debaixo das neves uma mão se estende... tirando-o do temporal...

Tudo volta ao começo quando caímos... mas às vezes é tudo o que se precisa...
e novamente tudo se repete, continuamente... um circulo sem fim, mas é interrompido, quando resollve-se ficar de pé, escolher um caminho e ir embora, apenas ir embora e deixar todas as cicatrezes onde ficaram as quedas, onde o inevitável era impossível, mas que seguirá ali, parado em seu circulo, enquanto vê laços se soltando e indo adiante, indo para os lados, apenas por poder olhar as opções...

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Sobre o Tempo

O tempo esvai... um momento que se aproxima;
Tão perto, cada vez mais ansioso... parece distante...
As luzes acendem nas ruas...
Setas não levam a lugar nenhum...
Seguimos os caminhos errados;
Nos perdemos na nossa mente...
Venha, vamos lá, parece que ainda temos uma chance
Talvez a gente possa se perder;
E quem sabe é o que queremos...

E tudo ainda parece igual ao que era antes de começar,
Mas o que vem depois, deixemos pra depois...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Seguindo Adiante

Um surto psicótico e uma idéia totalmente perdida, as avessas e ainda aparece como se quisesse sair, se libertar, aparecer aqui do nada... não entendo o porque disso, mas sei que quando acontece, é hora de escrever...

São dias como este que já passaram em que me pergunto se realmente cheguei até aqui, ou como encontrei esses caminhos. Porque sempre corro pela mais longa rua, quando poderia só andar pelos atalhos. Mas não. Sempre acabo escolhendo tudo que é complicado. Talvez todo desafio seja o motivo. Às vezes explodo fácil nesses caminhos. Mas páro e me permito pensar com clareza, guardo um pouco os impulsos pra um momento em q eles sejam realmente úteis... se é que serão...

O tempo todo pareço agir só impulsivamente, deixo os pensamentos guardados e faço apenas aquilo que acredito, mas e daí??? Eu nunca deixei de acreditar em mim até o fim... Mas dessa vez, vai ser muito difícil, será muito mais complicado, talvez eu me perca bastante, mas acima de tudo, preciso acreditar que sim. Mas isso é outro detalhe e não vou me apegar nisso porque não farão tanta diferença no fim das contas... ou pelo menos é o que espero.

Se vou conseguir, não sei, mas não posso mais desistir antes... Não quero deixar algo pela metade, não de novo. O que passou não faz mais diferença. Não mais. Pode ser tudo tão sem sentido, pode não ter explicação, mas agora não tem razão me prender. Mesmo com as nuvens cobrindo a visão, vou encontrando novos caminhos, cheio de abismos, pedras, vendavais... 

Chegou a hora de ir além, abrir mão daquilo que me cega e recomeçar.
Não é algo ruim como parece, mas é quase uma trava. E não posso ter isso eternamente no meu caminho se preciso acreditar que vai começar a mudar...


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Os Nossos Dias

São muitos dias que começam e não tem meio...
Não há establidade, ou lógica...
Várias metades que nunca que chegam ao fim...
Talvez nunca devessem realmente terminar...
E o começo, sempre fica perdido...
Não há ordem que perdoem estas sombras...
É quando tudo se ajeita dentro do caos...
Transforma a ordem numa aberração de insanidade...
Carrega a poeira ainda umidecida pela brisa que entrou...
Deixa de lado, deixa pra trás o que nunca se perdeu...
Levou longe a tempestade dentro da garrafa de vinho...
Desceu pelo horizonte da cachoeira... correndo sobre os trovões...
Ascendeu a luz para ir embora...
Porque estes são os dias que vivemos...



quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Sinédoque: “um” por “todo mundo”

 
“Tudo é mais complicado do que você pensa. Você vê apenas um décimo do que é verdade. Há milhões de pequenos textos anexados a cada escolha que você faz. Você pode destruir sua vida cada vez que você escolhe, mas talvez você não saberá por 20 anos, e você talvez nunca, jamais localize a fonte. E você tem apenas uma chance de jogar isso fora. Basta tentar e descobrir seu próprio divórcio. E eles dizem que não existe destino, mas existe. É o que você cria. E mesmo que o mundo continue por eras e eras, você está aqui apenas por uma fração da fração de segundo. A maior parte do seu tempo é gasto estando morto ou ainda não nascido. Mas enquanto está vivo você espera em vão, desperdiçando anos, por um telefonema ou uma carta ou um olhar de alguém ou alguma coisa para fazer tudo certo. Mas isso nunca vem, ou parece vir mas não realmente. Então você passa seu tempo em vago arrependimento ou vaga esperança que alguma coisa boa virá adiante. Algo para fazer você se sentir conectado. Algo para fazer você se sentir inteiro. Algo para fazer você se sentir amado. E a verdade é que eu sinto tanta raiva. E a verdade é tanta tristeza. E a verdade é, eu tenho me sentido tão magoado por muito tempo. E por muito tempo eu venho fingindo que estou bem, apenas para seguir adiante, apenas para... Eu não sei porquê. Talvez porque ninguém queira ouvir sobre meu sofrimento, porque eles têm os seus próprios.
Foda-se todo mundo.
Amém”.
do filme Sinédoque, Nova York


Sinédoque é uma figura de linguagem que consiste em tomar a parte pelo todo, a matéria pelo objeto, a espécie pelo gênero, o singular pelo plural. Sinédoque é quando você diz “o brasileiro é alienado” ou “político é sempre ladrão”.

No filme “Sinédoque, Nova York” Philip Seymour Hoffman vive um diretor de teatro que ao tentar escrever sua primeira peça se embrenha cada vez mais fundo na sinédoque. Qualquer explicação além disso é inútil porque não expressaria a dimensão do filme (e da brisa).


 

Aos fortes de espírito e de estômago resistente fica aí a indicação.

@robertagrassi