quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Os 11 melhores livros que li em 2011


AVISO:
É, eu sei, listas no final do ano são o ápice dos clichês. Mas eu fiz assim mesmo.

AVISO 2:
Pelo menos eu me limitei a apenas um comentário (eu economizando palavras é novidade)
 e vou te poupar de ter que ler uma “resenha” para cada livro .

AVISO 3:
Sim, este é um daqueles posts que têm mais imagens que palavras.

AVISO 4:
Eu cometi a idiotice de eleger os melhores, mas me poupei o esforço e a babaquice de ficar classificado do “menos melhor” para o “mais melhor”. Os livros estão organizados de maneira cronológica, conforme fui lendo durante o ano.

E dito isso é melhor começar logo esta bodega


O Vampiro Armand

Diga o que quiser, apesar de toda a bichice e putaria, ninguém deu alma a seus vampiros como Anne Rice. E nenhum dos vampiros de Anne Rice tem a alma mais atormentada que Armand. Além disso, a história de um cara que sai de Kiev, vira vampiro em Veneza e ganha a cara o Antonio Bandeiras (no filme Entrevista com o Vampiro) em Paris merece ser lida.





O Restaurante no Fim do Mundo / A vida, O Universo, e Tudo Mais / Até mais, e obrigado pelos peixes / Praticamente Inofensiva
Li O Guia do Mochileiros das Galáxias em 2010 e no começo deste ano a Bruna pegou uma puta promoção e fez um dos melhores negócios do ano: a série do Mochileiro por 19,90.
O mais foda de tudo é que Douglas Adams faz piada para falar sério. Depois de viajar pelos recantos mais longínquos e insólitos com Arthur Dent é impossível não parar pra pensar na nossa insignificância perante a grandiosidade do universo.


O Casamento do Céu e do Inferno
Só pra não dizer que eu não leio poesia.
E resumir este livro num único comentário é sacanagem. Principalmente se comparado ao talento do Blake que em quatro linhas conseguiu resumir absolutamente tudo:

Num grão de areia ver um mundo
Na flor silvestre a celeste amplidão
Segunda o infinito em sua mão
E a eternidade num segundo.



Sangue Quente

Uma história sobre um zumbi em crise existencial e fã do Sinatra é bem o meu tipo de livro. E como já brisei sobre o livro aqui no blog nem vou dizer mais nada. 

Interessados em maiores informações clicar AQUI.






Trilogia Jogos Vorazes
Suzanne Collins escreve para adolescentes, mas nem por isso subestima o cérebro do leitor. 
Como o @JogosVorazes_BR  disse, Jogos Vorazes deveria cair no vestibular. Vários temas para abordar: poder, opressão, governo, controle, sociedade, mídia, etc.

O primeiro livro da trilogia foi adaptado para os cinemas e estreia ano que vem, então bora ler antes que estoure mais do que já está estourado e a modinha e histeria deprecie tudo.


Marina
Depois de ler A Sombra do Vento e O Jogo do Anjo eu fiquei com a impressão de que Carlos Ruiz Záfon é capaz de escrever um ótimo livro sobre uma sala vazia. Depois de ler Marina essa impressão virou certeza.  Não que suas histórias sejam vazias, muito pelo contrário, mas a maneira como ele descreve, as escolhas das palavras dão a impressão de que qualquer coisa vista e contada pelo Sr Záfon fica muito mais interessante do que vista pelos olhos dos desprovidos de poesia em sua prosa (trocadilho vagabundo, mas não pude evitar).

E apesar de não se julgar um livro pela capa, tenho que dizer que a capa do livro Marina é uma das mais sinistras que eu já vi.

É isso. Estes foram os melhores livros que ora doparam meu cérebro, ora esclareceram minha mente em 2011. 
Que 2012 traga mais livros deste calibre.



sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

7 filmes que me fizeram querer começar uma revolução



AVISO:

Só para variar um pouco, hoje eu “to revolts e não to de brinks”.


AVISO 2:

É pedir demais que alguém que está no estado de “revolts” e não está de “brinks” seja totalmente coerente (ou até mesmo um pouco coerente).


E dito isso agora eu estou livre para dizer a besteira que eu quiser e bem entender.


Se você tem acesso ao facebook e ao twitter então todo dia você se depara com alguém “lutando” por alguma “causa”. Todo bendito dia tem alguém compartilhando a imagem de um gato sendo esfolado ou um tuite inflamado denunciando alguma injustiça. Não lembro de quem é a expressão “a revolta com a bunda no sofá”, mas penso que é exatamente isso que esse pessoal está tentando fazer.

Vai ver que na cabeça de quem compartilha essas imagens ou xinga muito uma injustiça no twitter, o impacto e a revolta que isso causa por si só já resolve o problema. É como se fazer piada sobre a Dilma ou o Alckmin resolvesse todos os problemas políticos, como se floodar a timeline ou a caixa de e-mail de seus conhecidos com imagens que tem o poder de revirar até os estômagos mais forte pudesse por fim em todas as barbáries cometidas no mundo. 

Mas pode ter certeza de uma coisa: isso só funciona na cabeça de quem faz isso, na vida real uma mudança requer muito mais do que uns cliques.

Com a revolta sendo esfregada na minha cara (e na minha timeline e no meu mural) e latejando na minha mente, juntei 7 filmes que me fizeram querer começar uma revolução. É, eu sei, é quase tudo ficção e a revolução que eles me inspiraram ficou só na vontade, mas vai que de repente este post convence alguém a ser a grande mudança. Nunca se sabe.


A BATALHA DE SEATTLE

O filme conta o que aconteceu no dia 30 de novembro de 1999, quando ecologistas, anarquistas, trabalhadores sindicalizados, estudantes, pacifistas e humanistas tomaram as ruas de Seattle para protestar contra a reunião da Organização Mundial do Comercial.

Entre ambientalistas chamando a atenção para a degradação ambiental resultante das políticas desenvolvimentistas estatais e privadas, humanistas indo contra políticas neoliberalistas alegando que ela é uma ameaça aos direitos humanos, sindicalistas achando que aquele era um momento propício para lutar pelos direitos trabalhistas, anarquistas vendo na reunião da OMC a ocasião perfeita para mostrar o repúdio ao capitalismo globalizados, pessoas que não estavam manifestando contra nada e só tiveram a má sorte de estar em Seattle no dia das manifestações e policiais que tinham como ordem do dia manter a cidade em ordem, a coisa toda vai degringolando até Seattle terminar em estado de sítio.

"A Batalha de Seattle" recebeu algumas críticas descendo o sarrafo na dramatização de tudo, mas, para todos os efeitos, o filme deixa uma mensagem bem clara: você pode não estar fazendo nada, mas tem gente que está.


PASSANDO DOS LIMITES

David Owen ama Nova York, mas odeia o barulho da cidade. Ele odeia tanto o barulho que em um ataque de nervos ele começa a destruir carros que disparam seu alarme no meio da noite. Graças a esse hábito de destruir as fontes dos barulhos que o levam a um ataque de nervos, David vai parar na cadeia. Mas em vez de tomar jeito, quando volta às ruas, ele assume a identidade do “Retificador” e trava uma batalha contra o barulho.

Fala a verdade, você já não quis destroçar o carro daquele vizinho que no meio da noite começou a berrar que “este veiculo está sendo roubado”?

Em um dos momentos mais geniais, o Retificador fala com quem está assistindo o filme:

“Parece divertido, não? Mas sou eu que estou fazendo, não você. Ah Você acha que é fácil pra mim? Que eu sou só ficção? Talvez. Mas meu sofrimento também é. O seu é de verdade. E você fica aí sentado.”


CLUBE DA LUTA

Sou meio suspeita pra falar deste filme. Ele é um dos meus favoritos e eu vivo torrando a paciência de todo mundo por causa dele. Revolução que começa nas ideias e termina na explosão de um centro financeiro é bem o meu tipo de história. E eu realmente concordo com Tyler Durden quando ele diz “você não é seu emprego, você não é o quanto de dinheiro que você tem no banco, você não é o carro que você dirige”.

Que atire o primeiro sabonete quem nunca quis tomar uma atitude extrema para mostrar sua insatisfação.


EDUKATORS

Filme alemão sobre dois caras que acham que podem mudar o mundo protestando de uma forma pacifica e simples: eles entram em mansões mudam móveis e objetos de lugar e deixam uma carta com mensagem de protesto.

Esse filme é responsável por reestabelecer minha fé na existência de vida inteligente em Guarulhos. Alguma boa alma pichou no muro do supermercado Lopes Macedo “seus dias de fartura estão contados” – que era a mensagem de protesto que eles deixam na carta – e ainda fez questão de deixar o A de fartura bem evidente, lembrando um certo símbolo.


O QUE FAZER EM CASO DE INCÊNDIO

Na Berlim da década de 80, seis amigos ocupam um prédio e desafiam as autoridades públicas, vivendo num espécie de comunidade anarquista. O tempo vai passando e todos eles mudam, deixando para trás a rebeldia e o estilo de vida. Até que, quinze anos depois, uma bomba caseira que eles plantaram em uma mansão abandonada explode e o grupo tem que se reunir para tentar eliminar as provas que os incriminam pela explosão.

E tá aí a razão pela qual eu não vou ter filhos, eu nunca vou poder dizer “mamãe foi anarquista”, “mamãe desafiou as autoridades públicas”. Eu poderia dizer “mamãe viu a estreia de Lost” ou “mamãe viveu numa época sombria em que nem todo mundo tinha telefone celular”, mas eu nunca vou poder dizer que eu afrontei as autoridades. E como você incentiva seu filho a lutar pelo que ele acredita se você mesmo nunca fez isso?


DEFENDOR

Para todo mundo Arthur Poppington é só um lunático, mas ele acredita ser um super-herói e desenvolve uma identidade secreta: “Defendor”. Armado com artilharia não convencional e sem medo de arriscar a própria vida, ele patrulha as ruas da cidade à noite em busca do seu inimigo, que é um traficante de drogas e armas a quem ele culpa pela morte da sua mãe.

Aos poucos a “loucura” de Arthur passa a mudar a vida das pessoas, provando que mais lunáticos como ele fariam um bem enorme ao mundo.

Só para constar: Woody Harrelson vive um lunático como poucos e está ótimo na pele de Denendor.


KICK-ASS

Você provavelmente já viu o filme e já sabe sobre o que fala a história. E vou me apropriar das palavras do Kick-ass para concluir este post (e quem sabe assim dar sentido a ele):


Eu queria saber por que ninguém nunca fez isso antes de mim. Quero dizer, todas as revistas em quadrinhos, filmes e seriados. Isso te faz pensar por que ninguém fez uma fantasia e vestiu. A vida diária é tão excitante, as escolas e escritórios são tão legais, que eu sou o único que pensou sobre isso? Qual é. Sejamos honestos. Em algum ponto de nossas vidas nós todos já desejamos ser super-heróis.

Como a maioria das pessoas da minha idade, eu simplesmente existia.

Eu nunca fui mesmo um super-herói. O máximo que eu tinha para oferecer ao mundo era boas intenções e a capacidade de aguentar tomar uma surra. 

Sem poderes não temos responsabilidades. Exceto que isso não era verdade.

As revistas em quadrinhos estavam erradas. Não era preciso uma trama e raios cósmicos ou um anel de poder para criar um super-herói. Apenas a perfeita combinação de otimismo e inocência.


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Vampiros, lobisomens, bruxos e a maldição de ser humano


AVISO:
Nada de muito bom vai sair deste texto. Provavelmente eu só vim postar no blog porque cansei de xingar muito no Twitter.

AVISO 2:
O texto abaixo não foi produzido tendo como base dados científicos ou qualquer pesquisa de qualquer espécie – fato que é mencionado na intenção de tirar a obrigatoriedade do texto de fazer sentido.

E dito isso agora eu estou livre para dizer a besteira que eu quiser e bem entender (seja lá o que “bem entender” quiser dizer).



Já reparou que o sobrenatural está dominando a ficção? 
Ultimamente somos bombardeados com toneladas de livros, séries e filmes sobre vampiros, bruxos, lobisomens, fantasmas, vampiros e lobisomens, vampiros que lutam contra lobisomens e são auxiliados por bruxos, aqueles afetados dos elfos, mais vampiros, parece que as bichices dos contos de fadas são a próxima tendência, zumbis e vampiros controlando zumbis...
É como se apenas humanos interagindo com outros humanos não pudessem produzir uma boa história, o que nos coloca numa posição não muito confortável já que nós somos apenas humanos.

O mais confuso é que nós estamos obsecados por criaturas sobrenaturais que estão obsecadas com o modo de vida dos humanos. Todos esses livros sobre vampiros centenários frequentando o colegial... Fala a verdade: você é imortal, sua única fraqueza é a luz do Sol, você pode arrancar árvores do solo com as mãos e correr como vento, e tudo o que você faz é sentar numa sala de aula e escutar um professor que tem menos da metade da sua idade fazendo uma ladainha sobre algo que você já sabe? É muito mais coerente aquele outro vampiro que fundou uma banda de rock (se eu fosse vampira, eu faria algo mais nesse estilo. Quer dizer, na verdade, se eu fosse vampira eu morreria de fome porque eu desmaio até com groselha).

E quanto mais alimento meu cérebro com toda esta tranqueira sobrenatural, o que deveria surtir o efeito de ode ao ser humano soa cada vez mais como a depreciação desta condição. De repente (provavelmente porque a overdose de ficção afetou meu cérebro) me deparo com as perguntas “o que tem de errado comigo?” e “por que nada acontece?”. Quero dizer, eu nunca matei um monstro que estivesse me perseguindo (eu já matei baratas, mas baratas são mini-mini-monstros, elas não contam). Nenhuma maldição assombra minha família. Por que a porra da minha carta de Hogwarts nunca chegou? Eu não conheço ninguém que tem que beber sangue pra sobreviver ou que fala com gente morta. Guarulhos é tão fim do mundo que nós nunca tivemos um ataque zumbi aqui. É revoltante. Eu nunca fui abduzida por ETs. Eu nunca nem estive em uma cena de crime – o que é bom, eu acho, mas ao mesmo tempo é indicativo do quão sem graça minha vida é.

Obviamente, esta coisa toda sobrenatural é apenas uma metáfora (do que ou para que eu não entendi muito bem), mas eu não reclamaria se isso fosse mais do que uma mera metáfora (exceto pelos vampiros frequentando o colegial).

Bobagens à parte, independente da vertente ou de como chega até nós, a mensagem que a ficção vem nos enviando há muito tempo é bem simples: a vida deve ser épica e nada menos que isso. E talvez seja esteja aí a maior maldição do ser humano, como viver algo épico se temos que lutar dia-a-dia para não sermos engolidos pelo ordinário?

Eu não sei a resposta, mas acredito que é mais provável encontrá-la do que esbarrar com um vampiro, um fantasma ou um zumbi.



PS: eu poderia muito bem ter colocado “zumbis” no título do post, mas depois de toda aquela putaria de “onde está Sophia?”, “que fim levou Sophia?” e “se eu levantar deste sofá, me embrenhar neste mato e achar essa menina vocês vão ver uma coisa”, The Walking Dead teve aquele midseason finale... AFFE. Em protesto bani os zumbis do título do post (como se fosse grande coisa).

PS 2: midseason finale e fall finale é como os habitantes do hemisfério norte chamam o jeito que os mestres do universo encontraram para punir os viciados em séries por seus pecados.


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Códigos do Caderno

Lágrimas de poeira escorrem pelo castiçal perdido debaixo da mesa quebrada daquele quarto abandonado. A escadaria coberta pelos véus queimados, distantes dos sonhos que foram guardados para eles, a escada, não tem um fim, mas esta quebrada e não vai a lugar algum. Não tem começo e nem fim.

Ventos castigam as grandes dunas, as montanha começam a ruir, uma a uma, elas caem. A cada grão da ampulheta, um pedaço da montanha cede.  O mundo está vazio. Cercado pela solidão de uma população que não se conhece.

Toda a perplexidade inexplicavel da insensatez cede à fé cega dos lenhadores desempregados. A matilha faminta agora sobrevive de frutas. Tudo muda, tudo se perde. Dentro de cada mente.

E nada derruba as ondas naquela praia, elas carregam toda a angustia e esperança daqueles que acreditam em alguma coisa que não saibam o que é, mesmo que talvez não exista. Não vai além do poder da fé. Não vai além do questionamento. 

Amargo regresso dos pesadelos que um dia se arrependeram por deixarem os dados selarem seu destino. Em vão. Aquela roda que escapou, os atropelou quando tentaram atravessar a rua fora da faixa. Hoje estão tão debilitados, quanto as mentes que um dia perturbaram.

Mostrou a força ao questionar o poder. Mediu seu poder com as rebeliões. Gavetas foram abertas para contar segredos. Portas foram trancadas. Luzes apagadas. Nada mais é como estava um dia na sua imaginação.

Onde o mundo um dia se perdeu em sua solidão. Onde o mundo um dia não viu o que passou. Onde um dia... o mundo...