sábado, 3 de setembro de 2011

O COMEÇO DE TUDO


No começo não existia nada, e então houve uma explosão.
Não foi uma explosão muito grande. E, diferente do que muitos pensam, não houve nenhum bang.
Cientistas afirmam que menos de um bilionésimo de segundo depois da explosão uma bolha muito menor do que uma fração de um átomo se formou. Esta pequena bolha era todo o Universo e tudo que existe hoje, o que já existiu um dia, o que um dia vai existir, tudo o que aconteceu depois aquela explosão e tudo o que ainda está por vir estava comprimido dentro daquela bolha minúscula.
Logo depois desta explosão, as forças que comandavam aquela pequena bolha desafiaram Einstein e o Universo se expandiu em uma velocidade maior que a da luz. E tudo bem que naquele momento Einstein ainda não existia e ainda não tinha dito que nada pode se mover a uma velocidade maior que a da luz, mas o fato de que nos seus primeiros momentos o Universo contrariou as leis de Einstein deve ser mencionado porque, ao que tudo indica, isso não acontece com muita freqüência.
Minutos depois a temperatura do Universo cai e acontece a formação do núcleo atômico. Surge o hidrogênio. Alguns átomos de hidrogênio se fundem formando o hélio.
Um bilhão de anos depois do surgimento do hidrogênio e do hélio, aparecem as primeiras estrelas e elementos como o nitrogênio, o oxigênio e o carbono são produzidos.
Passados nove bilhões de anos a matéria e a gravidade resolvem se combinar e formam uma estrela perfeita. A pressão no núcleo desta estrela é tão grande que gera calor e isso faz com que aconteça um troço chamado fusão termo-nuclear. Em volta desta estrela se forma um disco de poeira estelar, que se expande formando planetas e luas.
Um dos planetas que se formaram através deste processo foi a Terra, que muito tempo depois do seu nascimento se resfriou e acumulou água em estado líquido em sua superfície. E nas profundezas desta água acumulada na superfície terrestre aconteceram reações químicas que até hoje ninguém conseguiu entender muito bem e que geraram vida.
Agora, treze bilhões de anos depois daquela explosão, cá estamos nós, vivendo graças a esta série de eventos e desfrutando dos resultados dela. E, de certa forma, é como se a evolução destes bilhões de anos pesasse sobre os ombros de cada ser humano.
Não é estranho pensar que foram necessários mais de treze bilhões de anos para que um adolescente pudesse alardear nas redes sócias sobre o tédio que sente? Não causa um certo incômodo constatar que incontáveis reações químicas aconteceram no interior de estrelas longínquas para que religiosos pudessem distorcer palavras de fé e as transformassem em apologia ao ódio e discriminação? Não nos coloca numa posição desconfortável pensar em toda a energia e pressão necessária para que núcleos se fundissem e que um dos resultados deste processo – ainda que um resultado secundário – é um ser humano que aceita um trabalho desgastante e uma vida insatisfatória? Visualizar o planeta Terra se formando a partir de poeira estelar para que, bilhões de anos depois, a vida que surgiu e evoluiu neste planeta usasse seus recursos de maneira irresponsável, devastando-o como se não dependesse dele para viver, não nos faz ver o ser humano sob um olhar mais crítico? Encarar todo o processo que aconteceu para que a vida surgisse na Terra, a evolução até o ser humano atual, não nos faz refletir que ter como propósito de vida ser entretido e levar uma vida em vão é simplesmente inaceitável?
Pelo menos é este o efeito que causa em mim.
Encarar todo o processo que aconteceu desde aquela diminuta explosão até os dias de hoje me trás esta sensação de que todo ser humano deveria viver de maneira a se colocar à altura de todo este processo.
Talvez este seja um sentimento ingênuo – como um amontoado de carbono que anda e fala poderia se colocar à altura da formação de um Universo inteiro? – e sem nenhum fim prático. Mas, mesmo que não seja uma experiência fácil ou reconfortante, ou mesmo útil, de vez em quando é bom lembrar que foram necessários mais de treze bilhões de anos, incontáveis reações químicas e uma quantidade incalculável de energia para que pudéssemos estar aqui agora.

2 comentários:

  1. eu gosto dessas teorias sobre a formação do universo, mas não conhecia essa de contrariar o einstein... meu, q q vc anda lendo q eu não li????

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  2. Pode acreditar q eu to lendo MUITA coisa q vc não lê hahahahaha

    Mas essa sobre o Universo contrariar Einstein eu vi num documentário. Se vc jogar "documentário" na busca do youtube vai vir muita coisa, a maioria um lixo, mas garimpando dá p/ ver muita coisa boa.

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