segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A brisa Palahniukiana

  
AVISO:
Sou fã assumida do trabalho do Chuck Palahniuk. Então se você não aguenta rasgação de ceda e puxação de saco, eu altamente “desrecomendo” este post .

AVISO 2:
Como o texto trata do trabalho do Sr Palahniuk, é provável que a quantidade de palavrões seja maior que a habitual.


“Porque tudo é importante. Cada detalhe. Nós só não sabemos ainda o porquê.
Tudo é um autorretrato. Um diário. Toda a história que você tem com as drogas está em um fio de seu cabelo. Suas unhas. Os detalhes jurídicos. A parede de seu estômago é um documento. Os calos de sua mão contam todos os seus segredos. Seus dentes denunciam você. As rugas em torno de sua boca e de seus olhos.”


Tempos atrás o twitter do escritor Chuck Palahniuk retuitou o link para esta imagem


Fui pesquisar de onde era a frase da imagem (“Todos morremos. O objetivo não é viver para sempre. O objetivo é criar uma coisa que seja eterna.”) e descobri que era do livro Diário. E tudo o que eu pensei foi “eu tenho que ler essa porra”.

Se você já assistiu Clube da Luta então já teve um gostinho de como é o trabalho do criador de Tyler Durden. Chuck Palahniuk tem um jeito único de contar uma história, com ele as palavras escolhidas nunca são as óbvias  em vez de dizer que a personagem está em choque e não quer acreditar no que vê, ele escreve “a previsão do tempo para hoje é uma tendência crescente para a negação”.
E o óbvio também passa longe de seus personagens, apesar das características extremamente comuns (o povo das histórias do Sr Palahniuk lembram bastante aquele vizinho excêntrico ou aquele parente que todo mundo evita chegar muito perto) cada um deles carrega complexidade, a culpa e ao mesmo tempo a redenção, é difícil compreendê-los logo de cara, e ao longo do livro a gente acaba simpatizando e torcendo por eles na mesma proporção em que quer mandar todos à merda (para comprovar o que eu digo basta mencionar Marla Singer, que é tão fodona quanto intragável).

Poucos (e por “poucos” eu quero dizer “quase ninguém”) têm talento para escrever uma história em que a heroína tem 41 anos, está acima do peso, é alcoólatra e viciada em aspirinas, trabalha servindo mesas num hotel, largou a escola de belas-artes para se casar porque estava grávida e tem um marido em coma que, antes de tentar suicídio, se aproveitou de seu trabalho reformando casa de veranistas para fazer desaparecer cômodos.

Não, o mais estranho não é o cara desaparecer com cozinhas e armários, o mais estranho é que quando os donos das casas reformadas reencontram os cômodos as paredes estão cobertas por pichações que soam como ameaças (eu disse “soam”).

No fim, como sempre acontece nas histórias de Palahniuk, nada é aquilo que parecia ser. E diluindo muita história da arte, Jung e Platão nas linhas de Diário, Chuck Fodão Palahniuk nos mostra que “todo mundo tem um coma pessoal”.

Se eu recomendo este livro? As palavras mais acertadas seriam: você tem que ler o que este filho da puta escreveu, porque o bagulho é muito foda pra caralho, porra.

Um comentário:

  1. "Se eu recomendo este livro? As palavras mais acertadas seriam: você tem que ler o que este filho da puta escreveu, porque o bagulho é muito foda pra caralho, porra."

    HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
    morri...
    bem q eu tava desconfiando q o texto tava até "educado", levando em consideração o aviso lá do começo... mas acho q dos trabalhos dele, só conheço mesmo "clube da luta", mas esse me interessou...

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