Às
vezes quando acordo sinto que ainda estou dormindo, sinto que todas as formas e
cores do mundo se colidiram e que tudo que posso fazer é sentar e assistir.
Creio
que o coração de uma pessoa se apaga quando não encontra mais razões. Suponho
que essa é a razão pela qual a natureza sempre teve uma presença inspiradora, tudo
nela tem um propósito.
Acho
que estamos nos esquecendo de algo.
Por
que lutamos para respirar um ar melhor quando todos acabamos no mesmo lugar?
Espero
que valha a pena recordar nossa história. Uma impressão de um esmerado desejo,
uma sensação de propósito sincero e um sentimento de esperança em algo maior
que nós mesmos.
Nesse
momento, talvez eu acorde.
Algumas bandas têm o poder de criar músicas
que causam (não me perguntem como) uma espécie de sentimento épico (e é melhor
também não me pedir para definir esse “sentimento épico”). Uma dessas bandas é
a Angels and Airwaves, banda fundada por Tom DeLonge durante o “hiato indefinido”
do Blink 182.
E como se não bastasse causar o sentimento
época através de suas músicas, Tom DeLonge resolveu produzir um filme baseado
no som do Angels and Airwave.
O resultado desta empreitada de Tom DeLonge
como produtor é o filme Love, lançado ano passado.
O filme conta a história do Capitão Lee
Briggs e do Capitão Lee Miller. O primeiro Lee luta durante a Guerra Civil
Americana e, quando os confederados cercam seu regimento, ele é o único a ser
liberado e recebe a missão de escrever um diário, uma espécie de homenagem aos
homens que lutaram ao seu lado (o trecho no começo do post é parte deste
diário).
Já o segundo é um astronauta que, em 2039, está
prestes a deixar a estação espacial e voltar para casa quando algo dá errado e
ele fica isolado, sem qualquer comunicação com outro ser humano e sem saber o
que é que está acontecendo na Terra.
No decorrer do filme a gente acaba
descobrindo que os dois capitães tem uma ligação maior do que simplesmente o
nome em comum.
O curioso é que o filme chama Love e conta a
história de um homem que viveu os horrores da guerra e de outro que sofre
completo isolamento. E, de uma maneira estranha mas eficaz, assistir Love é uma
experiência que redefine o “amor” como não algo direcionado a uma única pessoa específica,
mas algo compartilhado com toda a nossa espécie (ou pelo menos foi essa a
sensação que eu tive quando o filme acabou).
Ah! Dizem que quem avisa amigo é, então aviso
logo que Love é aquele tipo de filme para quem gosta de filme (!?). Alguns fãs
da banda assistiram o filme por causa da trilha sonora e reclamaram que ele é muito
lento. Mas se você tem cérebro e não é daqueles inquietos que não conseguem se
concentrar em nada por mais de 5 minutos, a uma hora e vinte do filme passa
despercebida.
Se você sabe o que é o Dia da Toalha,
este post não lhe proverá nenhuma informação nova.
Muito
além, nos confins inexplorados da região mais brega da Borda Ocidental desta
Galáxia, há um pequeno sol amarelo e esquecido.
Girando
em torno deste sol, a uma distância de cerca de 148 milhões de quilômetros, há
um planetinha verde-azulado absolutamente insignificante, cujas formas de vida,
descendentes de primatas, são tão extraordinariamente primitivas que ainda
acham que relógios digitais são uma grande ideia.
Este
planeta tem – ou melhor, tinha – o seguinte problema: a maioria de seus
habitantes estava quase sempre infeliz. Foram sugeridas muitas soluções para
esse problema, mas a maior parte delas dizia respeito basicamente à movimentação
de pequenos pedaços de papel coloridos com números impressos, o que é curioso,
já que no geral não eram os tais pedaços de papel colorido que se sentiam
infelizes.
E
assim o problema continuava sem solução. Muitas pessoas eras más, e a maioria
delas era muito infeliz, mesmo as que tinham relógios digitais.
Um
número cada vez maior de pessoas acreditava que havia sido um erro terrível da
espécie descer das árvores. Algumas diziam que até mesmo subir nas árvores
tinha sido uma péssima ideia, e que ninguém jamais deveria ter saído do mar.
E
então, uma quinta-feira, quase dois mil anos depois que um homem foi pregado
num pedaço de madeira por ter dito que seria ótimo se as pessoas fossem legais
umas com as outras para variar, uma garota, sozinha numa pequena lanchonete em
Rickmansworth, de repente compreendeu o que tinha dado errado todo esse tempo e
finalmente descobriu como o mundo poderia se tornar um lugar bom e feliz. Desta
vez estava tudo certo, ia funcionar, e ninguém teria que ser pregado em coisa
nenhuma.
Infelizmente,
porém, antes que ela pudesse telefonar para alguém e contar sua descoberta,
aconteceu uma catástrofe terrível e idiota, e a ideia perdeu-se para todo o
sempre.
Esta
não é a história dessa garota.
É a
história daquela catástrofe terrível e idiota, e de algumas de suas consequências.
É assim que Douglas Adams começa O Guia do Mochileiro das Gálaxias,
primeiro livro da trilogia de cinco livros que conta a história de Arthur Dent,
Ford Prefect, Trillian, Zaphod Beeblebrox, Marvin – o andróide paranóide – e suas
indas e vindas pelo Universo.
Alguns anos atrás vi o povo alardeando sobre o tal Dia da Toalha,
fui ver que raios era isso, me deparei com a trilogia de cinco livros e,
obviamente, me tornei fã do trabalho do Douglas Adams.
Como o prefácio do primeiro livro da série diz, desde tempos imemoriais houve
menos de meia dúzia de mortais cujas mentes foram capazes de contemplar o
universo em sua totalidade, Douglas Adams foi um deles. Ele compreendeu que “uma vez que cada pedaço de matéria no
Universo é, de alguma forma, afetado por todos os outros pedaços de matéria do
Universo, é teoricamente possível extrapolar a totalidade da criação – cada sol,
cada planeta, suas órbitas, sua composição e sua história econômica e social a
partir de, digamos, um pedaço de pão-de-ló”. E a grande sacada do Guia do Mochileiro é que o
autor faz piada para falar das questões mais profundas e existenciais que
assombram a humanidade (ou pelo menos os humanos que fazem uso de seus
cérebros), e Douglas Adams consegue fazer isso com uma simplicidade absurda (em seus livros, para voar basta se jogar e errar o chão).
Por tudo isso, os fãs resolveram homenagear o autor declarando o
dia de sua morte, 25 de maio, como o Dia da Toalha já que, segundo o Guia, a
toalha é a coisa mais útil de todo o Universo.
“O Universo é um lugar
desconcertantemente grande, um fato que, para continuar levando uma vida
tranquila, a maioria das pessoas tende a ignorar”.
Mas depois de ler O Guia do Mochileiro das Galáxias é impossível voltar a
fazer parte da maioria que resolve ignorar a imensidão do Universo.
Feliz Dia da Toalha pra todo mundo – inclusive para quem não é nerd.
Este post contém desorientação,
alucinações, realidades paralelas e que não são reais e alguns spoilers dos filmes nele contidos. Mas, na realidade
(que não é a realidade, porque a realidade na realidade não existe), são spoilers praticamente inofensivos.
AVISO 2:
Não, eu não me sinto nem um pouco
culpada de postar spoilers.
E
dito isso estou apta a dizer a barbaridade que eu quiser e bem entender
Sem mais, segue abaixo uma lista com 10
filmes onde a realidade na realidade não é real porque a realidade é bem
diferente da realidade.
Apreciem o post (e os spoilers).
Inception
Comecemos pelo óbvio (que, na realidade real,
de óbvio não tem nada).
Leonardo DiCaprio entra num sonho, cria lá
dentro uma realidade que não é real, dentro desta realidade insere outro sonho
e aí insere um nego nesse sonho dentro desta realidade que não é real porque
está dentro de um sonho criado pelo Leonardo DiCaprio e que é tipo uma
realidade paralela que não é real. Aí ele dá um chute, o sonho desmorona e o
peão (da casa própria) roda, roda, roda, faz que vai cair mas não cai, mas podia
ter caído e quando termina o filme você vira pra pessoa ao seu lado e pergunta
“mas caiu?”.
Matrix
Neo era um hacker que vivia na realidade virtual
antes da internet chegar para a maioria dos mortais comuns brasileiros (irônico
pensar que quando Matrix foi lançado não existia Facebook, Twitter e nem se
quer o coitado do Orkut).
Aí o Neo segue o coelho branco e encontra o
Morpheus que oferece pra ele a pílula vermelha, e então ele descobre que a
realidade não é a realidade (na realidade ele não é um hacker, ele é tipo uma
pilha alcalina humana).
Depois que desplugam o cabo USB de sua nuca e
Neo se tornar uma alma livre, ele resolve se replugar na bagaça, desta vez para
confrontar a Matrix.
No final são três realidades: a criada pela
Matrix onde o Neo era um hacker, a realidade real onde o Neo é careca e come a
gororoba branca na nave e a realidade super fudida onde ele usa sobretudo e
desvia das balas em câmera lenta.
Sucker Punch
Babydoll (que na realidade deve ter um
nomezinho melhor que esse) é uma garota desafortunada que perde a mãe, sofre
nas mãos do padrasto que queria a herança da mãe morta, acaba matando sem
querer a irmã mais nova e vai parar num hospício.
Dentro do manicômio (e provavelmente graças a
algum tarja preta) Babydoll vai parar numa realidade paralela onde ela não está
num hospício e sim numa espécie de cabaré. E quando Babydoll dança ela entra
numa terceira e super fudida realidade onde ela com uma espada detona robôs, um
dragão e autômatos nazistas.
Apesar da complexidade das três realidades se
intercalando, na realidade a mensagem do filme, por assim dizer, é bem simples:
“A realidade é uma prisão, sua mente pode
libertá-lo”.
Franklyn
A história acontece simultaneamente em
Londres e numa metrópole futurista chamada Meanwhile City – que é
governada pela fé e pelo fervor religioso. Preest é um detetive mascarado que
tenta vingar a morte de uma menina que ele deveria ter salvado, mas não salvou.
Emília é uma estudante de artes com tendência à autodestruição e que tenta de
várias maneiras fazer a morte parecer mais artística. Milo é um cara solitário
que tenta voltar à pureza do primeiro amor e têm conversas com uma amiga
imaginária interpretada pela mesma atriz que faz a artista com tendência à
autodestruição. Esser é um pai desesperado que procura seu filho desaparecido
pelas ruas de Londres. E no fim as histórias de todos eles estão interligadas e
uma bala vai decidir o destino de todo mundo.
E a realidade real é essa aqui: se você ainda não assistiu Franklyn,
assista, porque a brisa é muito foda pra caralho porra!
A passagem
Sam Foster é um psiquiatra. Henry Letham é um
perturbado que procura o psiquiatra para dizer que vai se matar. E Letham um
anagrama de “Hamlet”.
Além de planejar se matar e ter como
sobrenome um anagrama de um personagem de Shakespeare, Henry começa a fazer estranhas
e terríveis profecias que se realizam e fazem o psiquiatra precisar de um
psiquiatra. E no final, é claro, nada é o que parece.
Eu só fui entender o que realmente tinha
acontecido na história depois que assisti os extras do DVD de A Passagem, mas
altamente recomendo a desorientação que o filme causa.
Repo Men
O filme retrata uma triste e sádica realidade
onde as pessoas compram órgãos como quem compra um carro novo (um pâncreas zero
km, ouvidos turbinados, um fígado total flex). O problema desta triste e sádica
sociedade onde as pessoas compram órgãos como quem compra peças de decoração é
que se elas não pagam a prestação direitinho vem um cara e toma o órgão (não
importando o quanto de sangue ele tenha que derramar para isso). Quem faz esse
trabalho de retirada de órgãos são os Repo Men.
Depois de uma ziquizira toda um dos Repo Men
se estrepa inteiro e acaba precisando dos serviços da empresa que ele prestava
serviço, e de Repo Man ele passa a comprador de órgão, e de comprador ele passa
a inadimplente, e de inadimplente ele passa a fugitivo, e de fugitivo ele passa
ao “cara que vai confrontar a corporação que vende órgãos para que não pode
pagar por eles”.
No meio dessa jornada de Repo man ao “o cara
que vai confrontar a corporação”, a luta contra a triste e sádica realidade
deixa de ser a realidade porque a realidade é mais triste e sádica do que
parece ser (mas eu não vou dizer mais nada porque até spoilers
têm limites).
Donnie Darko
Se você já assistiu este filme, e se você não
assistiu sozinho, então você já se deleitou com uma enxurrada de suposições e
teorias sobre o perturbado do moleque Donnie, sobre a turbina que deveria
esmagar o moleque Donnie e sobre Frank, o coelho macabro, que diz ao moleque
Donnie que o mundo vai acabar em 28 dias e algumas horas e alguns segundos.
Recentemente eu descobri que a explicação
para a bagaça toda está no livro que o professor do Donnie entrega para ele no
começo do filme.
O livro “A filosofia de Viagem no Tempo,
escrito pela Roberta Sparrow (é, a velha tinha que chamar Roberta), explica que
existe o universo que nós vemos e vivemos nele, o chamado Universo Primordial,
e o Universo Tangente, que para efeito prático e “resumitivo” vamos dizer que é
criando quando um objeto do nada cai no universo Primordial – tipo uma turbina
de um avião. Este Universo Tangente é tipo uma bolha que vai estourar em poucas
semanas – tipo 28 dias, 6 horas, 42 minutos e 12 segundos – e ao estourar vai
colapsar o Universo Primordial e obviamente acabar com o mundo.
Para deletar o Universo Tangente e salvar o
Universo Primordial Donnie precisa devolver ao Universo Tangente o objeto que
caiu no Universo Primordial. Então, usando água e metal, ele devolve a turbina
de avião para a puta que pariu de onde ela veio, o tempo anda para trás e os 28
dias, 6 horas, 42 minutos e 12 segundos que ele viveu são deletados da linha
temporal, porque na verdade eles nunca realmente aconteceram porque eles faziam
parte do Universo Tangente que não é a realidade vigente no Universo
Primordial.
Entendeu? Não. Então assiste o vídeo.
Contra o tempo
Desta vez o Jake Gyllenhaal não é um moleque
com números rabiscados no braço e assombrado por um coelho, agora ele é um
militar que acorda no corpo de outro homem e tem a missão de reviver os últimos
8 minutos de vida do homem em que ele acordou no corpo de novo e de novo e de
novo na tentativa de salvar Chicago de um trem desgovernado.
8 minutos + 8 minutos + 8 minutos e por aí vai
e no final a gente descobre que ele não está no corpo de ninguém e que ele
mesmo não tem nem meio corpo.
O gabinete do Dr Caligari
Em 1920, chega num vilarejo expressionista o
Dr Caligari, um hipnotizador, acompanhado de Cesare, um sonâmbulo que
supostamente estaria adormecido há 23 anos (e foi o 1° a usar franja emo na
história do cinema).
O Dr Caligari impressiona o vilarejo de dia,
o sonâmbulo Cesare aterroriza o vilarejo à noite e no final a gente descobre
que na realidade a realidade não é bem assim, o vilarejo expressionista não
existe e é tudo obra de uma mente perturbada.
2 Coelhos
Embora esteja mais para filme “a realidade na
realidade não é o que parece” do que “na realidade a realidade não é real”,
este filme está aqui por 2 motivos: primeiro porque eu nunca falo sobre filmes
nacionais e este é uma filme nacional que merece ser falado, e, segundo, eu
precisava dele para somar “10 filmes
que a realidade da realidade, na realidade, não é real”.
Idiotices à parte, neste filme, como minha
irmã disse, o roteiro dá um nó de escoteiro e você realiza que a realidade
realmente não é o que dava a entender que era: o herói não é herói, a mocinha é
uma vadia, o vilão não é quem você pensa ser e que, na real, somos todos vítimas
do sistema, mas alguns resolvem explodir as coisas para destruindo reconstruir.
Destaque para as partes em que o carinha “entra”
num jogo de videogame e que a mocinha toma tarja preta e mata suas neuras a
espadadas.
Este conto já foi postado antes no blog do Social Rock Club.
Se você o leu lá, ignore-o aqui.
AVISO 2:
É, eu sei que hoje é ainda é sexta, então digamos que eu apenas
antecipei a ressaca de segunda.
Sem mais avisos, apreciem a ressaca
Há quanto
tempo ele estava ali? Horas? Dias? Eras? Uma existência inteira? Talvez um
pouco menos que isso. Suas mãos estavam incrustadas nos braços daquela
poltrona, e havia a suspeita de que suas costas jamais se descolariam do
estofado do encosto. Ele não era mais um homem, era simplesmente parte daquela
sala.
Vez ou
outra vinha um espasmo, como se mãos invisíveis espremessem seu cérebro para
lembrá-lo dos abusos cometidos. Entre um espasmo e outro ele concentrava toda a
sua atenção em uma mancha escura que se destacava no chão claro.
Vão-se as
pessoas, ficam as manchas de cerveja, contrastando com a cor do piso, grudando
na madeira dos móveis.
Você enche
sua casa de gente quando na verdade tudo o que você queria é que apenas uma
pessoa estivesse ali, uma única pessoa que não está entre aqueles que você
convocou para preencher o vazio. O som alto é uma tentativa de abafar todas as
palavras não ditas. Álcool serve para aplacar a dor que você só sente na sua
cabeça. E funciona por um tempo, como se certos momentos tivessem uma lógica
própria e exclusiva, enquanto você os vive tudo faz sentido, mas depois... É
como se as informações estivessem desconexas, e as explicações e justificativas
que você se dá parecem não ter serventia nenhuma. A sensação é a de que aquilo
que você viveu não é parte da sua vida, só algo que aconteceu com um estranho e
alguém te contou.
Então
sobra a ressaca, a baderna que foi deixada pra trás, o cheiro de vômito vindo
da pia da cozinha e aquela mancha no chão.
Ele
compreendia agora, ele existia junto com aquela mancha. Quando limpassem aquela
mancha do chão sua existência seria apagada junto com a sujeira.
Um
barulho chamou sua atenção, ele desviou os olhos do chão e se deparou com um
homem parado no meio da sala e olhando em volta com uma expressão de desgosto.
Demorou alguns segundos para ele reconhecer no homem ostentando a cara feia uma
versão de si mesmo, uma versão limpa e sóbria, que provavelmente tinha
recorrido a algum analgésico e a algum outro remédio para arrumar o estrago que
a bebedeira tinha feito no estômago, uma versão que não gostava do que via, que
tinha se forçado a se levantar e seguir andando, alguém capaz de deixar aquela
sala.
Sua
versão sóbria se aproximou da poltrona onde agora ele habitava, olhou para a
mancha no chão e resmungou em desaprovação. Ele sabia o que aquilo significava:
no final do dia sua versão sóbria voltaria para casa e limparia aquela mancha,
o que por sua vez significava que ele tinha menos de um dia para continuar
existindo.
Ele
observou sua outra versão ir até a mesa, pegar o relógio e prende-lo no pulso.
Sua versão sóbria se importava com o tempo, coisa que para ele já não fazia
mais diferença alguma. Em seguida sua versão limpa e funcional levou seu
relógio de pulso até a porta da frente, olhou uma última vez com desgosto para o
caos que era aquela sala de estar e saiu.
O som da
porta batendo reverberou dentro de sua cabeça. Quando a reverberação se
dissipou e a tortura teve fim, ele fez a única coisa que o estado em que se
encontrava lhe permitia fazer: voltou a encarar aquela mancha no chão, aquela
mancha que também era sua existência.
Se você acha que todo musicista é um
troglodita iNgnorante, você está prestes a quebrar a cara.
AVISO 2:
Não estou dizendo que não existem
musicistas trogloditas e iNgnorantes. Eles existem, mas são minoria (e, como
diria Peter Griffin, quanto antes você se convencer disto melhor para o nosso
casamento).
Sem mais avisos, segue abaixo a impressionante lista
com 4 (QUATRO!) bandas que têm nomes inspirados em livros (sim, a lista poderia ser
muito mais extensa, mas bateu a preguiça de pesquisar então vou postar só as
que eu já sabia).
MY CHEMICAL ROMANCE
Antes de transformarem o velório da Helena em videoclipe e de invocarem
os Killjoys pra fazer barulho, Gerard Way e cia foram buscar inspiração para
batizar a banda no livro de contos de Irvine Welsh “Ecstasy: Three Tales of Chemical Romance”.
Pra quem não sabe, Irvine
Welsh é o autor de Trainspotting, que
em 1996 foi adaptado para o cinema. Se você não assistiu Trainspotting... Bom,
se você não assistiu Trainspotting eu não te respeito.
THE DOORS
“Se as portas da percepção estivessem
limpas, tudo se mostraria ao homem tal como é: infinito”.
A frase acima foi escrita pelo poeta e pintor inglês
William Blake e faz parte de seu livro “O casamento do céu e do inferno”, de
1790. E foi também a frase acima que inspirou o inglês Aldous Huxley na hora de
dar nome ao seu livro “As Portas da Percepção” – em que o autor brisa sobre como
o consumo de mescalina, LSD, longos períodos de jejum, de silêncio e
isolamento e até autoflagelação podem abrir as “portas da percepção”.
Junte a espiritualidade de Blake e a brisa de Huxley e
o resultado disto vai ser a inpiração para o nome da banda The Doors.
Além do nome
da banda ser inspirado no livro de Huxley (que por sua vez foi inspirado nos
versos de Blake), reza a lenda que Morrison, também inspirado por Huxley,
conferia a suas experiências com mescalina e ácido lisérgico um caráter de
ritual inspirado no xamanismo.
STEPPENWOLF
Provavelmente você conhece a música Born to be Wild.
Se você não conhece a música Born to be Wild... Bom, o Google/youtube ta aí pra
resolver o seu problema.
Apesar de nascidos para serem selvagens (trocadilho
infame), os caras da Steppenwolf não são trogloditas e foram buscar inspiração
para o nome da banda em um dos livros do escritor alemão Hermann Hesse – Prêmio
Nobel de Literatura em 1946.
Selvagens sim, incultos jamais.
SAVAGE GARDEN
"A mente de cada ser humano é um
jardim selvagem"
Esta frase é do livro “O vampiro (e Sr Fodão) Lestat”.
E esqueça o “Sr Fodão” que isso foi por minha conta. O fato é que o livro da Anne
Rice serviu de inspiração para Darren Hayes batizar sua banda (de dois).
E tudo bem que a banda já acabou faz mais de uma
década e que hoje em dia pop da década de 90 só presta pra queimar o filme, mas
sou fã dos livros da Anne Rice e do vampiro (e Sr Fodão) Lestat e sua gangue de
vampiros (afetados), por isso a banda entrou para esta “seleta” lista.