AVISO:
Se você sabe o que é o Dia da Toalha,
este post não lhe proverá nenhuma informação nova.
Muito
além, nos confins inexplorados da região mais brega da Borda Ocidental desta
Galáxia, há um pequeno sol amarelo e esquecido.
Girando
em torno deste sol, a uma distância de cerca de 148 milhões de quilômetros, há
um planetinha verde-azulado absolutamente insignificante, cujas formas de vida,
descendentes de primatas, são tão extraordinariamente primitivas que ainda
acham que relógios digitais são uma grande ideia.
Este
planeta tem – ou melhor, tinha – o seguinte problema: a maioria de seus
habitantes estava quase sempre infeliz. Foram sugeridas muitas soluções para
esse problema, mas a maior parte delas dizia respeito basicamente à movimentação
de pequenos pedaços de papel coloridos com números impressos, o que é curioso,
já que no geral não eram os tais pedaços de papel colorido que se sentiam
infelizes.
E
assim o problema continuava sem solução. Muitas pessoas eras más, e a maioria
delas era muito infeliz, mesmo as que tinham relógios digitais.
Um
número cada vez maior de pessoas acreditava que havia sido um erro terrível da
espécie descer das árvores. Algumas diziam que até mesmo subir nas árvores
tinha sido uma péssima ideia, e que ninguém jamais deveria ter saído do mar.
E
então, uma quinta-feira, quase dois mil anos depois que um homem foi pregado
num pedaço de madeira por ter dito que seria ótimo se as pessoas fossem legais
umas com as outras para variar, uma garota, sozinha numa pequena lanchonete em
Rickmansworth, de repente compreendeu o que tinha dado errado todo esse tempo e
finalmente descobriu como o mundo poderia se tornar um lugar bom e feliz. Desta
vez estava tudo certo, ia funcionar, e ninguém teria que ser pregado em coisa
nenhuma.
Infelizmente,
porém, antes que ela pudesse telefonar para alguém e contar sua descoberta,
aconteceu uma catástrofe terrível e idiota, e a ideia perdeu-se para todo o
sempre.
Esta
não é a história dessa garota.
É a
história daquela catástrofe terrível e idiota, e de algumas de suas consequências.
É assim que Douglas Adams começa O Guia do Mochileiro das Gálaxias,
primeiro livro da trilogia de cinco livros que conta a história de Arthur Dent,
Ford Prefect, Trillian, Zaphod Beeblebrox, Marvin – o andróide paranóide – e suas
indas e vindas pelo Universo.
Alguns anos atrás vi o povo alardeando sobre o tal Dia da Toalha,
fui ver que raios era isso, me deparei com a trilogia de cinco livros e,
obviamente, me tornei fã do trabalho do Douglas Adams.
Como o prefácio do primeiro livro da série diz, desde tempos imemoriais houve
menos de meia dúzia de mortais cujas mentes foram capazes de contemplar o
universo em sua totalidade, Douglas Adams foi um deles. Ele compreendeu que “uma vez que cada pedaço de matéria no
Universo é, de alguma forma, afetado por todos os outros pedaços de matéria do
Universo, é teoricamente possível extrapolar a totalidade da criação – cada sol,
cada planeta, suas órbitas, sua composição e sua história econômica e social a
partir de, digamos, um pedaço de pão-de-ló”. E a grande sacada do Guia do Mochileiro é que o
autor faz piada para falar das questões mais profundas e existenciais que
assombram a humanidade (ou pelo menos os humanos que fazem uso de seus
cérebros), e Douglas Adams consegue fazer isso com uma simplicidade absurda (em seus livros, para voar basta se jogar e errar o chão).
Por tudo isso, os fãs resolveram homenagear o autor declarando o
dia de sua morte, 25 de maio, como o Dia da Toalha já que, segundo o Guia, a
toalha é a coisa mais útil de todo o Universo.
“O Universo é um lugar
desconcertantemente grande, um fato que, para continuar levando uma vida
tranquila, a maioria das pessoas tende a ignorar”.
Mas depois de ler O Guia do Mochileiro das Galáxias é impossível voltar a
fazer parte da maioria que resolve ignorar a imensidão do Universo.
Feliz Dia da Toalha pra todo mundo – inclusive para quem não é nerd.
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